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Sandra Corveloni encena manias de Molière

Olhar satírico do autor francês e seus personagens excêntricos inspiram duas peças

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Sandra Corveloni montou "L' Illustre Molière" com intuito de investigar a comicidade popular. A peça, que reestreou recentemente e foi recordista do prêmio Shell do ano passado, mostrou-se tão sintonizada com a busca de sua Cia. D'Alma que a diretora decidiu centrar sua pesquisa na obra do autor.

Estreou há cerca de duas semanas "Doente", sua adaptação do clássico "O Doente Imaginário". E já planeja a terceira montagem inspirada no universo do autor francês Molière (1622-1673).

Prevista para estrear no ano que vem, a peça de nome ainda indefinido deve investigar a morte do autor por meio de seus personagens, que surgirão em cena como suspeitos de seu assassinato.

Atriz premiada com a Palma de Ouro no Festival de Cannes por sua atuação em "Linha de Passe", Corveloni considera a obra do autor desafiadora para o intérprete.

"Molière coloca o ator em primeira pessoa. Sua dramaturgia foi escrita para o palco. Não pode simplesmente ser decorada e levada à cena. Só tem graça se o ator tiver liberdade para imaginar, brincar e jogar", afirma.

Ela enfatiza também sua atração pela universalidade da escrita do dramaturgo, que ridicularizou em cena o homem de seu tempo.

Seu olhar satírico joga uma lente de aumento na fragilidade do ser humano, a qual, segundo a diretora, pouco mudou desde o século 17. "O homem não evoluiu. Continua tosco como na época."

A enfermidade de Argan, protagonista de "O Doente Imaginário", por exemplo, não é física, mas psicológica. Ele é egoísta, avarento, além de fraco de convicção.

Corveloni compara a obsessão do personagem por tratamentos, médicos e remédios com a do homem contemporâneo. "O homem de hoje também busca uma fórmula mágica para aliviar sua dor. É refém de medicamentos, de coisas materiais e se esquece de contemplar a vida, de estar vivo", diz.


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