Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Onda de filmes sobre temas negros no Oscar anima diretor Lee Daniels

Em 'O Mordomo da Casa Branca', cineasta retrata homem que serviu a presidentes dos EUA

Longa deve concorrer ao principal prêmio do cinema com '12 Anos de Escravidão', 'Mandela' e 'Fruitvale Station'

RODRIGO SALEM DE SÃO PAULO

O diretor Lee Daniels reaparece entre os favoritos ao Oscar com o comportado "O Mordomo da Casa Branca", que estreou na última sexta (1º), depois de seis indicações por "Preciosa" (2009) e de passar em branco com o thriller esquisito "Obsessão" (2012).

O filme protagonizado por Forest Whitaker é baseado na história real de Eugene Allen (1919-2010), homem que serviu a sete presidentes dos Estados Unidos mesmo tendo nascido pobre em uma fazenda no sul do país.

"Gosto que as pessoas tentem adivinhar quem eu sou", diz o cineasta negro norte-americano à Folha, do Rio, onde apresentou o longa.

"'Obsessão' foi muito importante e eu sabia que dividiria opiniões. Se fosse um filme de Tarantino ou Almodóvar, os críticos falariam outra coisa. Mas como sou afro-americano, acham que eu preciso fazer histórias que louvem minha comunidade."

Não há como deixar de encarar "O Mordomo..." como uma espécie de "anti-Django Livre'". Em determinado momento, Oprah Winfrey, que faz a mulher do mordomo, grita com o filho após o menino falar a palavra ofensiva "nigger" ("preto"): "Nunca mais repita essa palavra".

Tarantino foi criticado por cineastas negros como Spike Lee pelo uso excessivo da ofensa em "Django Livre", que transforma um escravo (Jamie Foxx) em caubói vingativo. "Sou fã de Tarantino, mas não gosto desse filme. Me senti ofendido", revela Daniels. "Muitos de meus ancestrais foram mortos para alguém chegar e fazer uma piada. Isso não pode acontecer."

Apesar do tom mais forte, Lee Daniels é um sujeito exultante. Empolga-se sobre a possibilidade do Oscar de 2014 ser disputado por quatro filmes de temática negra: "12 Anos de Escravidão", "Mandela: Long Walk to Freedom", "Fruitvale Station" e seu "O Mordomo da Casa Branca".

"É um ano histórico. Estou honrado de estar no meio dessa tempestade com outros cineastas afro-americanos."

Para chegar a essa fórmula "oscarizável", o cineasta admite que precisou acalmar seu estilo mais pesado.

"Eu queria provar aos estúdios que podia fazer parte do time". Seu drama arrecadou mais de US$ 100 milhões (R$ 224 milhões) nos Estados Unidos. Mas a recepção dos especialistas não foi tão esfuziante, principalmente porque o roteiro toma muitas liberdades em relação à vida real de Eugene Allen.

O verdadeiro mordomo que passou 34 anos na Casa Branca não nasceu na Geórgia (fato: Virgínia), não tinha dois filhos (fato: era apenas um) e o mais velho deles não era um ativista radical.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página