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Livro de German Lorca exibe o gênio modernista da foto

Aos 91, artista publica a 1ª retrospectiva, marcada por abstração e grafismos

Fotógrafo rompeu com regras do Foto Cine Clube Bandeirante ao utilizar experimentações e imagens subjetivas

DAIGO OLIVA EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

Quatro meninos correm alucinadamente sobre um chão de terra na década de 1960. Os rostos estão tremidos e o foco, propositadamente, em desordem.

Não é à toa que a fotografia "Meninos correndo", do modernista German Lorca, se tornou a capa do livro que leva o nome do autor, recém-lançado pela editora Cosac Naify.

O formalismo do Foto Cine Clube Bandeirante --no qual ingressou em 1948, ao lado do companheiro e artista Geraldo de Barros (1923-1998)-- foi constantemente derrubado em composições subjetivas que o próprio artista classifica como "erradas".

"O pessoal falava que foto tremida e fora de foco não era fotografia", conta o descendente de espanhóis, rindo.

"Nunca pensávamos em movimento de renovação. Tudo girava em torno do pensamento de criatividade".

Embora a obra de Lorca esteja presente há muito tempo no acervo de importantes museus do país, como MAM-SP, só agora, aos 91 anos, o fotógrafo passou a publicar seus primeiros livros.

Em setembro, a Imprensa Oficial editou "A São Paulo de German Lorca", reunião de registros da cidade de forma mais documental.

Embora algumas fotografias de "A São Paulo" também estejam no novo lançamento, em "German Lorca" predominam as imagens construídas a partir de sobreposições, solarizações ou registros subjetivos.

"O critério da edição deste livro priorizou as fotos de caráter mais investigativo e experimental", explica Miguel Del Castillo, um dos editores da publicação.

"Lorca fez fotos em movimento, retratos, naturezas mortas, nus e paisagens. Este livro mostra a obra desse fotógrafo em seu aspecto multifacetado", continua.

CRONOLOGIA

Além das fotografias, o livro traz cronologia e um depoimento do autor, em que conta o cotidiano inventivo com o artista Geraldo de Barros e o também fotógrafo Thomaz Farkas.

Na linha do tempo, fatos pouco conhecidos, como o registro do casamento do poeta Haroldo de Campos (1929-2003) com Carmen de Arruda Campos, e o retrato elegante do cantor Nelson Gonçalves (1919-1998) na capa do disco "Só nós dois" (1949), surgem ao lado da produção como fotógrafo publicitário.

Ali, as imagens coloridas destoam do preto e branco habitual de suas figuras modernistas.

Para o crítico Eder Chiodetto, organizador do livro, "[o lançamento] é fundamental para entender como a influência estrangeira se misturou à nossa cultura", diz.

"Foram experimentações que viriam a transformar o nosso olhar para a fotografia no âmbito da arte, da publicidade e do fotojornalismo."

O livro será lançado na próxima quarta (13), no Espaço Cult, na Vila Madalena, com sessão de autógrafos e uma exposição dedicada ao autor.


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