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Howard Barker exibe lado obscuro do homem

Primeira peça do autor inglês montada no país mostra ruínas de um mundo arrasado

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A arte de Howard Barker é constituída por micróbios, escombros e poeira. Reúne o pó acumulado do mundo, varrido pela humanidade para debaixo do tapete, e o expõe em cena com luz fria.

"Mulheres Profundas/ Animais Superficiais", primeira peça a ser montada no Brasil do expoente do teatro europeu, apresenta seu "Teatro da Catástrofe" ao país.

"Os textos de Barker se aproximam da tragédia ao fazerem o homem enfrentar suas crises, o horror, o lado mais obscuro do ser humano. Só se distancia do gênero quando nega a restauração final", explica Miguel Hernandez, diretor da montagem que estreia hoje na cidade, da Cia. Anjos Pornográficos.

"A sociedade e a arte exploram o conhecido, o familiar. Tenho náusea disso", diz o dramaturgo inglês à Folha. Ele define a indústria cultural como utilitária, obcecada pela diversão e dominada por clichês morais. "O entretenimento é um corrosivo da sociedade moderna", afirma.

Hernandez compara a obra de Barker com o teatro desagradável de Nelson Rodrigues. "Também aqui não há concessão ou preocupação com o público", diz.

"Mulheres Profundas..." provoca a sensação de um mundo em ruínas, ainda mais desconfortável do que o retrato de uma catástrofe em si. "A plateia está sempre na iminência de que alguma coisa terrível vai acontecer. O texto é circular e vai se aprofundando, mas sem chegar a lugar algum", afirma Camila Turim, que atua ao lado de Nathália Corrêa.

As atrizes vivem duas mulheres que se digladiam e se destroem mutuamente. Strassa e sua antiga criada Card são personalidades distintas ou duas facetas de uma única personagem.

"Minhas peças se iniciam como catástrofes pessoais ou sociais. Os protagonistas se veem obrigados a se reconstruírem", explica Barker.

Neste espaço de destruição, causado por guerra ou revolução, não há mais relações de poder. Apesar disso, as mulheres seguem oprimidas por uma figura masculina ausente, representada por um cão. O animal em cena se apropria de símbolos femininos, como sapatos de salto e calcinhas, extraindo de Strassa o pouco que lhe resta.


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