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Jornal pessoal de cronista ganha reedição

'Diário da Tarde', de Paulo Mendes Campos, publicado em livro há três décadas, sai agora em formato tabloide

Publicação do IMS segue o formato idealizado pelo autor, com seções literárias, esportivas e de frases

RAQUEL COZER COLUNISTA DA FOLHA

Paulo Mendes Campos foi fundador, diretor de Redação e revisor do "Diário da Tarde", conforme se lia no expediente da publicação. Era ainda colunista, repórter e editor, espécie de funcionário dos sonhos de todo dono de jornal. No caso, dele mesmo.

O projeto não durou. Suas 20 edições vieram a público em uma só ocasião, em 1981, reunidas em livro da editora Massao Ohno, em parceria com a Civilização Brasileira.

Mas ganhou status de preciosidade para os admiradores da obra do cronista e poeta mineiro (1922-1991), sem nunca ter chegado aos leitores no formato que o autor imaginava, de tabloide.

Essa lacuna histórica é reparada pelo Instituto Moreira Salles, que lança edição especial com projeto gráfico de Daniel Trench e ilustrações de Veridiana Scarpelli. O evento será na segunda, no Rio, com debate de Renato Terra, da revista "piauí", e Xico Sá, colunista da Folha.

É verdade que, como dono e senhor do "Diário da Tarde", Mendes Campos se deu a liberdades como reutilizar material veiculado em jornais de verdade, por assim dizer.

É o caso, em especial, dos textos das duas principais seções de cada uma das edições, "Artigo Indefinido", de ensaios literários, e "O Gol É Necessário", de crônicas.

A parte literária trazia recortes variados como uma interpretação do "Cântico dos Cânticos" bíblico, um perfil de Virginia Woolf e um bate-papo imaginado entre Cecília Meireles e Emílio Moura.

Este, sem tirar nem pôr uma vírgula em versos de um e outro poeta, resultou em um extenso diálogo com falas como "Ele: Teu sorriso é tão puro que te ilumina toda. Ela: Quero apenas parecer bela".

Já as crônicas de futebol desde a primeira edição lamentavam: "Vai-se tornando avaro esse esporte, pois, vivendo às custas do consumidor, nega a mercadoria pela qual este paga, não à vista, mas antes de ver: gols".

CAUSOS E FRASES

Cada uma das edições incluía ainda a seção "Poeta do Dia", com versos dos criadores preferidos de Mendes Campos, como Paul Verlaine, Dylan Thomas e T.S. Eliot.

E, para completar, cinco seções divertidas, com causos e frases de efeito, "Bar do Ponto", "Pipiripau", "Grafite", "Suplemento Infantil" e "Coriscos". Ao leitor que folhear o "Diário da Tarde", estes certamente ressaltarão.

No "Bar do Ponto" da edição nº 5, por exemplo, o autor determina: "O poeta é a criança; o romancista é o adolescente; o ensaísta é a madureza; o crítico é a velhice".

Na mesma página, a seção "Pipiripau" parece feita dia desses: "Nunca se imprimiu tanto. E nunca se aproveitou tão pouco [...]. A livralhada sexual é idiota; a violenta é pueril; a de terror não chega a impressionar crianças; a esotérica é de dar pena; a fofoqueira ainda pode distrair, mas mente pelos dedos".


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