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Biografias
Em carta, escritores dizem que lei atual afronta Constituição
Manifesto foi divulgado ontem ao final de encontro no Ceará
Reunidos num festival em Fortaleza, 12 dos principais biógrafos do país divulgaram ontem uma carta em que defendem as ações no Supremo Tribunal Federal e no Congresso Nacional para alterar a lei que permite censura prévia a biografias.
"A legislação em vigor transformou nosso país na única grande democracia a consagrar a censura prévia", diz a "Carta de Fortaleza" (íntegra em folha.com/no1372640).
O trecho faz referência aos artigos 20 e 21 do Código Civil, pelos quais é possível impedir a publicação de biografias sem autorização anterior.
O manifesto veio a público no encerramento do festival e a quatro dias do início da audiência pública no STF que debaterá a ação movida por editoras para modificar a lei.
Assinam a carta Mário Magalhães, curador da programação literária do evento, redator do documento e autor de uma biografia do guerrilheiro Carlos Marighella, e os 11 convidados do festival.
São eles: Fernando Morais, Guilherme Fiuza, Humberto Werneck, João Máximo, Josélia Aguiar, Lira Neto, Lucas Figueiredo, Luiz Fernando Vianna, Paulo César de Araújo, Regina Zappa e Ruy Castro.
Em quatro dias, o evento reuniu literatura, cinema e música. A tenda dos debates teve, em geral, boa parte de seus 180 lugares ocupados.
As mesas literárias, carro-chefe do festival, se equilibraram entre a defesa das biografias livres e a descrição da arte de contar a vida dos outros.
Chico, Caetano, Gil, Djavan e Roberto Carlos, defensores da lei atual e para quem liberdade de expressão deve ser conciliada com o direito à privacidade, foram criticados em todos os debates. Ruy Castro chamou Roberto de "censor nato e hereditário".