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Memórias da infância são tema de HQ independente

Em 'Remy', garoto se confronta com a doença pulmonar que tira a sua vida

Parceria entre o jornalista Diogo Bercito e a quadrinista Julia Bax integra nova safra de quadrinhos autorais

DOUGLAS GAVRAS COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um, dois, três passos. Remy está atrasado, o pulmão chiando pela bronquite asmática que o persegue parece unir forças com a ladeira da rua de casa.

A cena é da HQ "Remy", projeto independente premiado pelo Programa de Ação Cultural (Proac-SP) em 2012 e que conta a história de um garoto que mal consegue encher os pulmões de ar.

O roteiro é do jornalista Diogo Bercito, 25, correspondente da Folha em Jerusalém desde março deste ano, e ganhou forma pelos desenhos da artista gráfica Julia Bax, 32, autora da HQ "Pink Daiquiri", editada na França pela Le Lombard.

A história foi escrita por Bercito ainda na adolescência. Com dificuldades para respirar, enquanto fazia inalações, sua mãe criou para acalmá-lo a metáfora que dá forma ao livro: o chiado que escutava era o de um gatinho escondido em seu pulmão.

"É uma lembrança bastante viva da fumaça úmida [do inalador], do pulmão chiando, daquela dificuldade física que me lembrava de que eu era, de alguma maneira, limitado", diz o autor.

Logo no início da trama, exausto pelo esforço físico, Remy morre. E, na morte, o protagonista se confronta com o gato que reduzia seus sonhos. Ao arrancá-lo de seu peito, o garoto e a doença que o matou irão travar uma discussão sobre a vida.

"Ele sempre viu seu corpo como um estorvo. Talvez pudesse tê-lo encarado como um parceiro, mas a doença foi como um adversário nesse sentido", explica Bercito.

Os autores se incumbiram das principais etapas de produção do livro e se tornaram sua própria editora. "Remy" retrata o momento fértil da publicação de HQs autorais no Brasil. Na última semana, quando o livro foi lançado no Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), em Belo Horizonte, ao menos 136 obras de selos independentes ganharam corpo.

Para Julia, o trabalho deve ser bem refletido. "A produção de um quadrinista é curta: se criamos um álbum por ano, uma carreira de 40 anos gera 40 histórias", diz.


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