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Crítica - História

'Berlim: 1961' adiciona ceticismo sobre as virtudes de Kennedy

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando se aproximava a data do cinquentenário do assassinato de John Kennedy, em 22 de novembro, começaram a surgir no mercado diversos livros com conteúdo apologético sobre o primeiro presidente dos EUA nascido no século 20 e símbolo da modernidade.

Mas também aparecem alguns títulos que trazem dúvidas sobre o quanto de fato Kennedy fez de bom no poder e qual seria o seu potencial de realização se não tivesse morrido em Dallas.

Frederick Kempe, um metódico e jornalístico, lançou nos EUA em 2011 "Berlim:1961", que agora chega ao Brasil, em tempo de adicionar ceticismo sobre as virtudes de Kennedy no aniversário de sua morte.

No dia 13 de agosto de 1961, o governo da Alemanha Oriental começou a construção do muro, de 3,6 metros de altura e 105 quilômetros de extensão, concluído em poucos dias, que dividiu a cidade de Berlim por 28 anos.

Desde 1948, quando a cidade foi separada em uma zona sob ocupação soviética e outra sob controle de EUA, França e Grã-Bretanha, estima-se que dois milhões de alemães se mudaram do lado oriental para o ocidental, o que levou os comunistas à conclusão de que se esse fluxo não fosse interrompido, a Alemanha Oriental não sobreviveria.

O início de governo não foi nada bom para Kennedy, a começar pela frustrada tentativa de invadir Cuba pela Baía dos Porcos em 17 de abril de 1961. O fracasso da missão deixou o americano fragilizado para a cúpula de Viena com o premiê Nikita Kruschóv em 4 e 5 de junho.

O encontro pessoal entre os dois reforçou no soviético a impressão de que o americano era despreparado e fraco, e lhe deu mais convicção para ousar em assuntos vitais, como Berlim.

Kempe relata como a saúde de Kennedy estava abalada durante a cúpula, o que deve ter aumentado em Kruschóv a impressão de debilidade que o presidente americano lhe passou.

O livro mostra como Kennedy estava ciente de ter ido muito mal na cúpula de Viena: "Ele [Kruschóv] acabou comigo", disse a assessores.

Como Kempe enfatiza, talvez tenha sido em agosto de 1961, não em outubro de 1962 (na crise dos mísseis em Cuba) que o mundo esteve mais perto de uma guerra nuclear.

Mas, mais decidido após Viena, Kennedy aumentou a presença militar americana em Berlim Ocidental e ficou firme após a construção do Muro.


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