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Fotos contam a história da Boca do Lixo

Diretor Ozualdo Candeias registrou o cotidiano do polo cinematográfico no centro de São Paulo na década de 1970

Imagens, guardadas em acervo de produtor, foram publicadas na 'Revista da Biblioteca Mário de Andrade'

GUILHERME GENESTRETI DE SÃO PAULO

Uma atriz desfila só de calcinha, duas carroças levam rolos de filme, os diretores de cinema Rogério Sganzerla (1946-2004) e Carlos Reichenbach (1945-2012) batem papo.

Flagradas durante a década de 1970 na região da Boca do Lixo (centro de São Paulo), essas imagens inéditas foram publicadas ontem na última edição da "Revista da Biblioteca Mário de Andrade".

As fotos foram feitas pelo diretor Ozualdo Candeias (1922-2007), precursor do chamado cinema marginal e ­figura carimbada na região --que entre os anos 1960 e 1980 foi um dos polos de produção cinematográfica mais importantes do Brasil.

"O Candeias foi o grande repórter daquele período, o que mais registrou a Boca tanto em fotos quanto em filmes", diz o cineasta e fotógrafo Jorge Bodanzky, que participa do ensaio com fotos da região nos dias de hoje.

As imagens --a maioria dos anos 1970-- estavam no acervo do produtor Eugenio Puppo desde a morte de Candeias, que dirigiu filmes como "A Margem" (1967).

"Recebi o telefonema de uma das filhas dele, que disse que tinha um monte de caixa de negativos. Falei: Pelo amor de Deus, não jogue fora, é a história da Boca do Lixo'", conta Puppo, que diz guardar cerca de 16 mil negativos.

'TUDO MAIS TRISTE'

O dramaturgo Silvio de Abreu, o ator Anselmo Duarte e o cineasta José Mojica Marins são alguns dos que aparecem nos cliques --descontraídos no bar Soberano.

"As coisas rolavam nos bares. Atores encontravam diretores que encontravam técnicos. Tudo se resolvia lá mesmo", diz Puppo, que pesquisa o cinema feito no período.

Em outras imagens, os atores David Cardoso e Claudete Joubert aparecem em um palanque montado na rua, organizando uma premiação. A atriz ganhou medalha de musa da Boca do Lixo em 1976.

Puppo estima que na virada dos anos 1960 para 1970 metade dos filmes nacionais tenha sido feita na região, especialmente pornochanchadas, que deram fama à área.

Nos anos 1980, a produção caiu, consequência do videocassete e da inflação. O bar Soberano, que reunia o povo do cinema, virou loja de informática.

"Ficou tudo mais triste", diz Bodanzky. "Já era melancólico por causa dos cortiços, mas o cinema deixava tudo mais alegre."

O "Dossiê Boca do Lixo" foi lançado em versão digital; a versão impressa sai em 2014. É possível baixá-lo de graça no site da Imprensa Oficial do Estado (livraria.imprensaoficial.com.br).


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