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Crítica arquitetura

Bienal escancara crise atual do urbanismo

Em sua 10ª edição, mostra encerra ciclo de decadência dos últimos anos e reflete calor dos protestos de junho

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Mesmo que fosse uma mostra ruim, o que não é o caso, dois fatores já fazem da 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, em cartaz até domingo, uma quebra de paradigma no cenário paulistano.

Um deles é o fato de se erguer sobre uma espécie de terra arrasada, já que a última edição da mostra, em 2011, foi um fracasso retumbante, exemplo vergonhoso de falta de vontade e má gestão que encheu a Oca de propagandas institucionais e projetos descartáveis.

Outro fator é ter coincidido com o calor das manifestações de junho em São Paulo e no resto do país, que vieram na esteira dos protestos em Istambul e também turbinadas pela experiência de Madri, Nova York, Cairo e outros pontos mundo afora.

No cerne da exposição, que neste ano deixou o parque Ibirapuera e se alastrou pela cidade num gesto em sintonia com sua proposta de investigar o problema da mobilidade, está o diagnóstico de que o urbanismo praticado hoje está em plena crise e já não responde às demandas de metrópoles hipertrofiadas.

É como se a tal voz das ruas encontrasse na mostra principal, no Centro Cultural São Paulo, um eco potente. Não que estivessem ali as soluções para a crise enfrentada pela cidade, mas sim um ponto morto ou laboratório de reflexão sobre a saturação da cidade entre duas vias de grande fluxo de automóveis.

Na concepção dos curadores Guilherme Wisnik, Ana Luiza Nobre e Ligia Nobre, parecem ser os carros os vilões dessa história, o que faz do ponto alto da Bienal o que talvez fosse sua ideia mais singela --a ocupação de um apartamento de frente para o Minhocão, ou seja, com vista privilegiada para o desastre.

Quem vê todos os endereços da mostra parece chegar ali à conclusão que faltava. Em vez de buscar soluções, a Bienal escancarou de forma contundente o tamanho do problema a ser enfrentado aqui e no resto do globo.

Em chave irônica, e não menos poderosa, a mostra termina neste domingo com uma festa numa piscina montada na carroceria de um caminhão em cima do elevado.

BIENAL DE ARQUITETURA DE SÃO PAULO
AVALIAÇÃO ótimo


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