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Artista cria cenários de beleza 'brega e teatral' em telas

Obra de Ana Elisa Egreja, que investiga excessos do universo decorativo, é tema de um novo livro e está exposta agora na galeria Leme

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Um bando de flamingos invadiu uma casa alagada. O rosa intenso de suas plumas se reflete na poça d'água no chão, combinando com as cortinas da mesma cor.

Essa cena não aconteceu, mas Ana Elisa Egreja queria que tivesse acontecido desse jeito. E por isso pintou um quadro em que os bichos ciscam pelo cenário, virando um turbilhão cafona e pink.

Desde que despontou no cenário paulistano há cinco anos, integrando o grupo de jovens pintores que ficou conhecido como 2000e8, Egreja faz de seu trabalho uma investigação incansável de texturas, padrões e elementos decorativos que aparecem justapostos em suas telas.

Ela define sua obra como um exercício hedonista de "realização de desejos". Parece fútil, mas sua pesquisa vai fundo no repertório de autores que puseram o prazer do olhar, puro deleite estético, em primeiríssimo plano, como Matisse, mas com um certo "twist" brasileiro.

Nas telas que mostra agora na galeria Leme, em São Paulo, e no livro que acaba de sair sobre sua obra, Egreja funde referências clássicas da pintura ao vocabulário de formas do modernismo e da indústria pop, fazendo conviver azulejos de Athos Bulcão, afrescos renascentistas, janelas de Frank Lloyd Wright e um pôster de Justin Bieber.

"Meu trabalho mistura o pop e o erudito porque são coisas que convivem no mundo", diz Egreja. "Mas se eu fosse descrever minha pintura, diria que é como um conto de realismo fantástico."

Isso porque nem tudo que sai do mundo real entra nas telas como de fato existe. Egreja pinça seus móveis um a um de catálogos de lojas on-line e distorce todas as cores, combinando elementos em condições distintas de luz num mesmo plano pictórico.

"Quando eu ponho uma janela onde não tinha, entra uma luz inventada", conta. "É a ideia de colagem do trabalho. Gosto de grandes ambientes que geram confusão."

De fato, suas telas confundem, mas ao mesmo tempo esclarecem que tudo se trata de uma farsa, ambientes montados com requinte e excesso para o delírio do olhar.

"Não tento criar o brega, mas vou por escolhas do que acho que vai ficar bonito", diz a artista. "Como cada mundo é inventado e utópico, tem uma beleza teatral ali, que só existe porque é brega."

ANA ELISA EGREJA
QUANDO de seg. a sex., 10h às 19h; sáb., 10h às 17h; até 21/12
ONDE Leme (av. Valdemar Ferreira, 130, tel. 0/xx/11/3093-8184)
QUANTO grátis

ANA ELISA EGREJA (LIVRO)
AUTORES Juliana Monachesi, Tiago Mesquita
EDITORA Cobogó
QUANTO R$ 110 (144 págs.)


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