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Corsaletti faz crônicas da cidade em versos

'Quadras Paulistanas' reúne poemas inspirados em cotidiano das ruas de São Paulo

MORRIS KACHANI DE SÃO PAULO

O dono de banca que prefere ler os romancistas do século 19. A bailarina argentina ruiva, de rosto infantil, que pretende ficar no Brasil. A senhora de bobes com o olhar enfezado na janela de um prédio no Minhocão.

Personagens que se misturam a cenas e lugares da vida na cidade fazem a matéria-prima de "Quadras Paulistanas", compilação de poemas de Fabrício Corsaletti, originalmente publicados entre 2010 e 2013 na revista sãopaulo, que circula aos domingos na Folha.

Para compor as quadras --estrofes autônomas de quatro versos, de uso recorrente na poesia popular--, Corsaletti buscou inspiração nas calçadas de bairros como Vila Madalena, Vila Mariana, Pinheiros e Butantã. Mais que tudo, Liberdade e Baixo Augusta, seus locais favoritos.

No olhar do poeta despontam ternura, humor, sagacidade. "É um painel subjetivo da cidade", diz Corsaletti. "Tentei evitar os clichês para que o leitor pudesse entrever uma outra cidade dentro de São Paulo. Uma cidade de coisas despercebidas".

"Com a violência e com a internet, a rua meio que perdeu o prestígio. O objetivo era ver o que tinha nela ainda", acrescenta.

VOLTAR ÀS RUAS

Para ele "Quadras" é uma espécie de livro de crônica feito em versos, com comentários certas vezes até jornalísticos. Um espaço onde imaginação e notícia se misturam.

"João do Rio é o primeiro cronista que sai e vai ver o que rola nas ruas. Este registro da cidade é que me importa: a curiosidade e a pesquisa de rua."

Corsaletti divide a obra em três planos: o lírico, em que predomina a perspectiva da primeira pessoa, o dos personagens e o das quadras escritas em caixa alta, compostas de frases que se leem na cidade --de sinalização de trânsito, neons e nomes de lojas, a cardápios de restaurante.

Comida e bebida por sinal aparecem com frequência na obra. Como em "com cabeleira de couve/ e bustiê de banana/ eis o sushi brasileiro/ louvando Carmen Miranda".

Para Corsaletti, "comer e beber está associado à vida social do paulistano, e à minha também".

DESAFIO DA FORMA

A escolha do formato da quadra, envolvendo a composição de heptassílabos --versos formados de sete sílabas tônicas--, lhe trouxe o desafio da concisão.

"A quadra é a estrofe popular por excelência, espécie de grau zero da poesia. Mas não basta fazer a rima entre o segundo e o quarto verso. Não pode faltar nem sobrar palavra", diz ele, que escreveu outros cinco livros de poesia, de verso livre.

"Quadras Paulistanas" traz também a parceria de Corsaletti com o artista gráfico Andrés Sandoval, que criou um álbum de ilustrações da cidade feito de calçadas genéricas e seus elementos, como caçambas e orelhões ou a água correndo pela lateral da calçada.

"Talvez eu tenha desenhado em um tom mais contemplativo. A diferença é que o texto tem mais humor e graça. Ficou uma combinação interessante", diz Sandoval.

QUADRAS PAULISTANAS
AUTOR Fabrício Corsaletti
EDITORA Companhia das Letras
QUANTO R$ 38 (80 págs.)


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