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Análise

Ilustrações avassaladoras unem o radical ao inocente

FABIO MARRA EDITOR DE "ARTE"

No início das publicações, as ilustrações supriam a ausência das fotografias e as dificuldades técnicas da reprodução, mas rapidamente deu-se a simbiose, agregando e complementando o conteúdo, traduzindo a união do diálogo entre o verbal e o visual.

Na Folha é assim desde 1921, com mestre Belmonte, professor Nelo, Orlando Mattos, Orlando Pedroso... entre tantos que, por décadas, corroboraram ideias com a delicadeza de seus traços.

Mariza Dias Costa trouxe um pouco mais a partir de 1978, apresentando seu trabalho como movimento artístico, quando começou a ilustrar a coluna "Diário da Corte", de Paulo Francis.

Amostras de ilustrações em preto e branco da década de 1970 abrem o livro. As mais de 220 páginas que se seguem conduzem o leitor a uma viagem pela narrativa irrequieta da ilustradora que ignora o tempo e, ao fazer isso, emprega permanente contemporaneidade a sua obra.

A sequência mostra maturidade técnica, mas sem a descaracterização da personalidade incisiva do traço.

O trabalho foi sendo acrescido, ainda, de muita criatividade gráfica com uso de colagens e texturas diversas, de resíduos de papéis fotocopiados a estampas de gravatas.

Na imersão que faz para ilustrar cada uma das narrativas, através de personagens disformes com dentes à mostra e olhos esbugalhados, Mariza deposita na arte uma funcionalidade contraditória e conjectura no mesmo espaço o radical e o inocente.

As ilustrações não são literais nem tampouco sutis. São avassaladoras. Chocam visualmente na mistura de cores fortes em espaços delimitados muitas vezes por contornos suaves. Quase a dualidade entre o bem e o mal.

O livro mostra a necessidade permanente da ilustradora de se expressar sobre os fatos, polêmicas e problemas do Brasil e do mundo.

Impresso em offset, "...E Depois a Maluca Sou Eu!" mostra a obra de uma Mariza à frente do seu tempo. Traz ainda depoimentos da artista e textos de Orlando Pedroso, Laura Capriglione e Contardo Calligaris. A capa é de Claudio Rocha.

O conjunto é um verdadeiro show pincelado.


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