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Diretor atribui crítica a questões de classe

Léa Seydoux, que diz ter se sentido uma 'prostituta' nas filmagens, faz polêmica para se promover, diz Kechiche

A atriz que reclamou da cena de sexo e da truculência do cineasta deixa de divulgar 'Azul É a Cor Mais Quente'

FERNANDO MASINI DE SÃO PAULO

Diretor de outros quatro longas, entre eles "O Segredo do Grão" (2007) e "Vênus Negra" (2010), Abdellatif Kechiche é meticuloso com sua estética e exigente com atores.

Fala do cinema como a arte das limitações, que deve respeitar uma duração determinada, ao contrário de uma pintura ou de um livro.

Para explicar o seu trabalho de cineasta, ele recorre a uma metáfora: "A imagem que me vem à mente é a de um capitão de navio que vai embarcar com a tripulação".

Ele é o encarregado de levar as pessoas ao seu destino, "mas no meio do caminho há o mar, com tempestades e ventos".

Na visita que fez a São Paulo para o lançamento de "Azul é a Cor Mais Quente", na qual deu entrevista à Folha, Kechiche falou com grandes pausas entre uma frase e outra, pensando muito no que ia dizer, mas sempre firme nas suas posições.

Demonstrou agitação apenas quando foi questionado sobre os desentendimentos com a atriz Léa Seydoux, 28. Ela reclamara, por exemplo, da alongada cena de sexo, que demorou dez dias para ser filmada, com repetição exaustiva doe movimentos.

"Ela chegou ao topo compartilhando a conquista de uma Palma de Ouro e agora vai demolir o diretor que a alçou a essa posição?", pergunta retoricamente Kechiche.

As desavenças começaram em setembro, quando Léa disse que não voltaria a trabalhar com o diretor por seus "métodos truculentos".

Ao jornal inglês "The Independent", a atriz afirmou que as cenas de sexo foram humilhantes e que tanto ela quanto Adèle Exarchopoulos se sentiram como "prostitutas".

Kechiche nega as acusações, mas chegou a pensar em desistir do lançamento do filme. Em outubro, escreveu uma carta aberta no site francês Rue89, na qual chama Léa de "arrogante e oportunista".

Adèle, por sua vez, que havia se juntado na artilharia contra o diretor, agora tem adotado outro tom. Em São Paulo para o lançamento do longa, disse que "as cenas de sexo foram descontraídas".

Segundo Kechiche, o problema não será resolvido. "A polêmica foi criada para ela [Léa Seydoux] se promover. Nesse período, ela foi capa de revistas na França. Talvez os motivos tenham mais a ver com classes sociais."

O diretor é de origem africana e a atriz vem de família tradicional, segundo ele. O avô da atriz, Jérôme Seydoux, é um dos donos da companhia cinematográfica Pathé. Antes de estrelar "Azul...", Léa trabalhou com Woody Allen em "Meia-Noite em Paris" (2011) e Ridley Scott em "Robin Hood" (2010).

A atriz decidiu se afastar da campanha de promoção do filme.


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