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Crítica drama

Casal Garibaldi vai à tela em retrato anêmico

Filmado em 2005, longa sobre juventude de Anita e Giuseppe tem belas cenas, mas derrapa em diálogos artificiais

ELEONORA DE LUCENA DE SÃO PAULO

É bom que seja feito um filme sobre Giuseppe e Anita Garibaldi. Personagens históricos da Revolução Farroupilha e da guerra pela unificação italiana, eles são identificados como lutadores por ideais libertários e exemplos de destemor. Além de terem encarnado um romance heterodoxo no século 19.

Ela era casada com um sapateiro. Ele combatia com os rebeldes gaúchos que chegaram a Santa Catarina para criar a efêmera República Juliana, em 1839. Guerrearam, fugiram, tiveram filhos, transitando entre a América do Sul e a Europa.

"Anita e Garibaldi", do diretor italiano Alberto Rondalli, faz um recorte no início dessa história. Busca mostrar a vida pobre do litoral catarinense e as divergências e dificuldades dos revolucionários. Tenta reconstituir batalhas navais, entreveros nos campos, naufrágios.

Mas o resultado é anêmico. Diálogos soam artificiais, preocupados em apresentar dilemas com um didatismo esquemático. As sequências têm morosidade e carecem de um roteiro mais firme.

Os cenários são repetitivos. As lutas lembram exercícios ginasianos.

A narrativa parece se dividir entre contar o romance e discutir as pelejas farroupilhas. Não encara nenhum dos dois rumos. Pouco se vislumbra do contexto da revolta contra o poder central, e falta autenticidade ao namoro que brota na tela.

Ana Paula Arósio faz uma Anita que pouco fala. Surge tensa, angustiada, enigmática, abatida e delirante. Gabriel Braga Nunes interpreta um Garibaldi com jeitão de homem comum e superficial. Há a intenção de salientar o papel do italiano Luigi Rossetti (Antonio Pueyo) na trama. Paulo Cesar Pereio rapidamente mostra seu talento.

INTERRUPÇÕES

O longa, cujas filmagens datam de 2005, teve problemas de captação de recursos, interrupções de trabalho e só agora chega aos cinemas.

O diretor deixa sua assinatura em algumas belas cenas, como a que mostra os imensos panos brancos das naus navegando no negrume da noite. Há também ritmo em uma corrida a cavalo no meio da mata, quando o casal busca um refúgio.

A trilha de Arrigo Barnabé e a voz de Thaís Gulin reforçam a sensação de que houve um desejo de não seguir pelo caminho mais fácil.

Mas é muito pouco para quem está na plateia. Falta arrojo, musculatura, plasticidade, tensão --e o filme não conquista. É enfadonho e naufraga. Uma pena.

A história vibrante do casal Garibaldi ainda precisa de trabalho cinematográfico.

ANITA E GARIBALDI
DIREÇÃO Alberto Rondalli
PRODUÇÃO Brasil/Itália, 2013
ONDE Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca 4, às 21h30
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO ruim


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