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Perfumista narra rotina de cheiros e viagens em livro

Para francês, que lança volume sobre seu ofício, 'o supérfluo não é inútil'

Criador de produtos da Hermès, Jean-Claude Ellena, 66, reúne anotações em 'Diário de um Perfumista'

ÚRSULA PASSOS DE SÃO PAULO

"O odor é uma palavra, o perfume é a literatura." A frase abre o livro "Diário de um Perfumista", do francês Jean-Claude Ellena, que acaba de ser lançado no Brasil pela editora Record.

Perfumista da Hermès desde 2004, Ellena, 66, é um dos profissionais mais conhecidos do mundo da perfumaria. São dele fragrâncias como "First", da Van Cleef & Arpels, e "Déclaration", da Cartier, além da coleção "Jardins", da grife Hermès.

O livro --lançado na França no ano passado e que saiu no início deste ano nos Estados Unidos e no Reino Unido como "The Diary of a Nose" (O diário de um nariz)-- recolhe anotações produzidas por Ellena entre os meses de outubro de 2009 e 2010.

São pequenos textos nos quais ele narra suas viagens, seu trabalho, sua pesquisa com os odores e sua relação cotidiana com os cheiros.

"Tenho o tempo todo um caderno Moleskine comigo, o diário foi escrito em um deles", conta o perfumista à Folha em passagem por São Paulo para lançar o livro.

"Eu já havia escrito livros técnicos, para estudantes, e pensei que poderia escrever algo para o grande público", conta, sobre o nascimento da ideia de seu "Diário". "Eu me dei um ano e, se ao final tivesse um bom resultado, iria ver a possibilidade de publicação com um editor."

ROMANCE

A empreitada rendeu ainda outro livro: ele publicou, em maio, na França, seu primeiro romance: "La Note Verte" (A nota verde, ainda sem tradução no Brasil).

Ellena diz que se considera um "escritor de odores". "Para mim, escrever e fazer um perfume é a mesma coisa, porém trabalho com odores em vez de palavras. Eu os manipulo, eu os transformo", compara o autor.

Ao final do diário, há um "Breviário de Aromas", no qual o perfumista apresenta odores reduzidos a aromas em uma proposta de jogo para incentivar o olfato.

Ali, além de mostrar quais compostos químicos constituem um cheiro --como os de chocolate ou lírio--, ele os descreve a partir de sua experiência.

Por considerar seu ofício uma forma de arte, Ellena defende a existência de uma crítica de perfumes na mídia impressa. Chandler Burr, criador da área de artes olfativas do Museu de Artes e Design de Nova York, manteve uma coluna sobre perfumes na revista "T" do "New York Times" de 2006 a 2010.

"O supérfluo não é inútil. A crítica é indispensável para fazer avançar todas as formas de arte. A crítica de perfumes existe cada vez mais em blogs. Isso prova o interesse do público pelo assunto", diz Ellena.

DIÁRIO DE UM PERFUMISTA
AUTOR Jean-Claude Ellena
TRADUÇÃO Cláudio Figueiredo
EDITORA Record
QUANTO R$ 32 (160 págs.)


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