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Museus querem expor obra de Hudinilson

Trabalhos do artista plástico paulistano, encontrado morto em agosto passado, começam a ser catalogados

Produção será destaque de festival na Escócia; MoMa, de Nova York e Reina Sofia, de Madri, planejam exposições

FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA FOLHA

A obra do artista paulista Hudinilson Jr. (1957-2013) está sendo redescoberta.

No pequeno apartamento, em São Paulo, onde ele viveu e trabalhou nos últimos 15 anos e onde foi encontrado morto, em agosto passado, dezenas de pastas e centenas de obras começam agora a ser catalogadas.

Assim como Leonilson (1957-1993) e Hélio Oiticica (1937-1980), Hudinilson Jr. morreu de forma prematura, com poucas obras em instituições museológicas.

No entanto, após sofrer um acidente, alguns meses antes de morrer, Hudinilson escreveu uma carta, com cópias a amigos, destinando sua obra a também artista plástica Vera Chaves Barcellos.

Amiga do artista desde os anos 1970, Barcellos é criadora de uma fundação cultural dedicada à arte contemporânea, em Porto Alegre.

"O Hudinilson achava que quando morresse a família ia dar um fim no trabalho dele. Eu sei bem da amizade dele e da Vera e nós vamos mandar muitas obras para sua fundação", diz Maria Apparecida Urbano, mãe do artista.

"A família detém os direitos da obra dele e, como não sou de comprar briga, fico na expectativa do que vamos receber", afirma Barcellos.

Sua fundação conta com cerca de 2.000 obras de arte contemporânea, boa parte de autoria da própria artista.

"Nós teríamos condições de catalogar e abrigar a obra do Hudinilson. Mas o que realmente espero é que quem ficar com os trabalhos dele tenha condições de mantê-los", afirma Barcellos.

"Estamos criando uma associação, como a do Projeto Leonilson, e queremos que a obra do Hudinilson esteja presente também em outros museus e coleções importantes", diz a mãe do artista, uma historiadora do Carnaval, com quatro livros publicados.

Curadores do Museu de Arte Moderna de Nova York e do Reina Sofia, em Madri, já demonstraram interesse, segundo a galerista Jaqueline Martins. "O Jesús Carrillo, do Reina Sofia, já até escolheu obras", afirma Martins.

A galerista, que representava Hudinilson, tinha combinado uma mostra com o artista em março do ano que vem, que deve ser realizada.

COLAGENS RADICAIS

No próximo ano, Hudinilson será um dos destaques do Festival Internacional de Glasgow, na Escócia.

Selecionado pela curadora do evento, Sarah McCrory, que conheceu o artista no ano passado, ele terá no Reino Unido a maior mostra já dedicada à sua carreira, com cerca de cem obras.

Trabalha com McCrory o curador alemão radicado em São Paulo, Tobi Maier. Na última segunda, ele terminava de fazer a seleção das obras que em breve embarcam para a Europa.

"Além de pioneiro da arte com xerox e de intervenções urbanas, as colagens com temas homoeróticos do Hudinilson são tão radicais que nunca tinham sido assimiladas pelo mercado ou instituições", diz Maier.


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