Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Foco
Documentário mostra experiência de criador de software para deficientes
Vencedor do Prêmio Folha Empreendedor Social de Futuro em 2012, Fernando Botelho estará em filme sobre dia a dia de cegos
Fernando Botelho, vencedor do Prêmio Folha Empreendedor Social de Futuro 2012, será personagem de "Com os Olhos de Quem Não Vê", um documentário sobre a cegueira com previsão de estrear no ano que vem.
O média-metragem de 52 minutos pretende mostrar a autonomia das pessoas com deficiência visual.
Christiana Bernardes, jornalista e cineasta com experiência de 15 anos no mercado de audiovisual, diretora do estúdio Jardim Elétrico e também do documentário, há quatro anos começou uma pesquisa sobre o tema.
Sua ideia era clara: falar sobre a visão no mundo contemporâneo por meio de pessoas com deficiência visual.
A história será contada a partir de três pontos de vista diferentes: o de uma criança que nasceu sem enxergar, o de um jovem que está em fase de perda de visão e o de um adulto totalmente cego.
Por enquanto, apenas a personagem adulta está definida. "Ainda estou escolhendo quem mais tem a ver com a proposta. Só neste ano me dei conta de que o Fernando [Botelho] era quem eu queria retratar. Foi como uma ficha que caiu. Escrevi pra ele, marcamos uma conversa via Skype, e ele acabou aceitando participar do meu projeto."
A escolha se deu graças às histórias de vida do empreendedor. "O Fernando tem características que admiro numa pessoa, como força de vontade, perseverança e atitude. No começo da minha pesquisa, conversamos muito sobre como é viver no mundo de hoje sendo cego. E, com isso, fui amadurecendo minha ideia sobre a forma como devemos perceber a vida."
Botelho, criador do F123, um software totalmente acessível e de baixo custo, diz que ficou surpreso com a proposta de ter uma equipe de filmagem acompanhando-o.
"Acho que sempre que um filme ou um livro nos mostra a experiência de outras pessoas enfrentando o desafio que nos preocupa [como se tornar cego], aquilo deixa de nos assustar tanto. Boa parte do desafio é o medo, a superação da cegueira em si é mais uma questão de paciência e persistência."
O filme faz um paralelo entre "o modo de percepção da vida entre cegos e não cegos, num mundo dominado pela cultura da imagem, em que estamos reféns da informação visual", conta a diretora.
O projeto, que está em fase de captação de recursos, tem preocupação em ser acessível --a ideia é que seja lançado com audiodescrição.
"É um filme destinado a quem nunca conviveu com pessoas com deficiência visual", diz Bernardes. "A estudantes, a psicólogos, mas também aos cegos, suas famílias e seus amigos."
Veja um trecho do filme em: vimeo.com/73235137.