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Análise

Cafona polivalente ajudou a sustentar indústria musical nos anos 70 e 80

ANDRÉ BARCINSKI ESPECIAL PARA A FOLHA

Reginaldo Rossi tinha orgulho de ser cafona.

Essa palavra, que a crítica usou com raiva nos anos 70 para separar a MPB "séria", "combativa" e "de qualidade" da música popular de Rossi, Odair José, Nelson Ned, Moacyr Franco, Waldick Soriano e Agnaldo Timóteo, criou um verdadeiro "apartheid" musical no Brasil. De um lado, a MPB; do outro, os cafonas e bregas.

No entanto, todos --da Tropicália a Raul Seixas, de Reginaldo Rossi a Nelson Ned-- beberam na mesma fonte: a Jovem Guarda (Nelson Ned diz, até hoje, que só não foi da Jovem Guarda porque era anão e feio).

Reginaldo Rossi começou a carreira no rock, no meio dos anos 60. Cantava Beatles, Elvis e Ray Charles. Quando a Jovem Guarda implodiu, em 1968, parte bandeou-se para o rock (Erasmo, Eduardo Araújo), parte para a música romântica (Roberto Carlos, Jerry Adriani).

TROVADOR BREGA

Reginaldo Rossi criou um estilo próprio: o trovador brega. Não era melodramático como os boleristas Timóteo e Soriano e tinha um senso de humor sacana e perversamente autodepreciativo.

Criou um personagem: feio, corno, mal amado e orgulhoso disso. Quem mais teria coragem de cometer versos como "Garçom, eu sei / Eu estou enchendo o saco / mas todo bebum fica chato"?

A exemplo de outros bregas, Reginaldo Rossi foi um polivalente: cantou forró, baladas românticas, iê-iê-iê, gravou canções de forte apelo popular e identificação direta com o público.

Também fez versões ("Les Dalton", de Joe Dassin, virou "Tô Doidão") e ajudou a sustentar a indústria do disco no Brasil nos anos 70 e 80.

No fim dos 70, com o advento das rádios FM, então feudo da música "jovem" e "moderna", foi jogado para escanteio.

Ficou no AM, onde o povão podia ouvi-lo em radinhos de pilha. O mesmo povão que hoje lota as redes sociais chorando de saudades do "rei do brega".


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