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'Os Reis dos Patos' passa por cima de polêmicas para render milhões

Reality show americano apresenta a quarta temporada sob acusações de racismo e homofobia

Recordista no gênero, programa registra até 14 milhões de pessoas nos Estados Unidos assistindo aos episódios

RAUL JUSTE LORES DE WASHINGTON

O reality show mais visto da TV paga americana conseguiu superar uma polêmica envolvendo racismo e homofobia de um de seus principais astros. O show, que rendeu neste ano em merchandising US$ 480 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão), vai continuar.

"Duck Dinasty" (exibida no Brasil como "Os Reis dos Patos"), já na quarta temporada e com episódios que têm até 14 milhões de espectadores, é uma versão rural do "Mulheres Ricas".

No lugar de peruas constrangedoras, surge uma família de caçadores de patos, que fez fortuna vendendo equipamentos para criar e caçar as tais aves.

O patriarca, Phil Robertson, 67, falou à revista "GQ" que a homossexualidade é como a bestialidade e o adultério e que gays "são como bêbados", "que jamais irão para o Paraíso". "Uma vagina é muito mais desejável que um ânus masculino", acrescentou.

Ao comentar a sua infância na Louisiana, onde negros não podiam frequentar os mesmos lugares públicos que os brancos até os anos 60, afirmou que "os negros eram muito felizes, muito antes desses programas de bem-estar, de cestas básicas, de todos esses direitos".

O canal que exibe o programa, A&E, que pertence à Disney e à Hearst, suspendeu o patriarca por tempo indeterminado, depois de protestos de organizações pelos direitos dos homossexuais.

Mas foram apenas dez dias de suspensão. O movimento conservador americano abraçou a causa e ameaçou boicotar a emissora e empresas que ameaçassem retirar os produtos da marca da família.

Os Robertson saíram em defesa do veterano, dizendo que apesar de "grosseiros", os comentários "seguiam ensinamentos dos Evangelhos".

BOICOTE

Tanto a emissora quanto à família ignoraram o aspecto racial da entrevista, focando na homofobia de Robertson _ assim como boa parte da mídia americana.

Diversos apresentadores da rede conservadora Fox News, assim como políticos do Partido Republicano, como Sarah Palin e o governador da Louisana, Bob Jindal, defenderam publicamente o caçador. "Estão acabando com a liberdade de expressão neste país", reclamou o governador.

Empresas que vendem os produtos da marca "Duck Commander", que pertence à família, como a rede Wal-Mart, estão sendo pressionadas por ambos os lados _ vendê-los ou boicotá-los?

No ano passado, a primeira polêmica envolveu o cantor britânico Morrissey, que se negou a participar do programa de entrevistas de Jimmy Kimmel junto aos Robertson, "uma família de assassinos de animais indefesos".

A imprensa americana já noticiou anteriormente que o canal A&E editava bastante os comentários de Robertson no programa. Inúmeras referências a Jesus, comentários homofóbicos e palavrões eram cortados.

Sobravam os aspectos mais toscos da família. Todos os homens têm barbas longuíssimas, usam boné e roupas camufladas e esbanjam sem-noção apropriada para as câmeras. Arrotos depois das refeições são comuns. O próprio Robertson se define como "white trash" (lixo branco).

A família ameaçou acabar com o programa se a suspensão do patriarca persistisse. O canal não quis perder o pato de ouro da programação. Para não admitir que preferiu os lucros à defesa de gays e negros, a emissora anunciou que lançará uma campanha em todos os seus programas "defendendo o respeito e a tolerância às diferenças".


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