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A volta dos que não foram (Grunge)

Ícones do rock de Seattle nos anos 1990, Soundgarden e Mudhoney renegam o rótulo de bandas grunge; grupos se apresentam no Brasil em 2014

GIULIANA DE TOLEDO DE SÃO PAULO

Em 2014, ano em que o suicídio do líder, vocalista e guitarrista do Nirvana, Kurt Cobain, completará duas décadas, o grunge também terá destaque no Brasil.

Entre abril e maio, duas bandas seminais do rock "sujo" de Seattle nos anos 1990 farão shows em São Paulo.

No começo de abril, o Soundgarden será uma das atrações principais do segundo dia do festival Lollapalooza, que acontecerá no autódromo de Interlagos.

Já o Mudhoney vem no mês seguinte. O quarteto --que também se apresentará em Goiânia-- faz parte da primeira edição do Sub Pop Festival no dia 15 de maio, evento que leva o nome da lendária gravadora de Seattle.

O selo é responsável pelo lançamento de discos como "Bleach", de 1989, álbum de estreia do Nirvana, e ajudou a transformar a cidade norte-americana na capital mundial do rock na primeira metade da década de 90.

O novo festival terá ainda as novatas de som pesado Metz, de Toronto, e The Obits, de Nova York.

As duas bandas também são contratadas da gravadora, que comemorou seus 25 anos em 2013 carregando o slogan, tão despreocupado quanto o próprio grunge, "não somos os melhores, mas somos muito bons".

Hoje o título de "banda grunge", no entanto, não agrada os integrantes dos dois grupos veteranos que virão ao Brasil.

Em entrevista à Folha, por telefone, tanto o baixista do Soundgarden, Ben Shepherd, 45, quanto o vocalista do Mudhoney, Mark Arm, 51, disseram não se encaixar no rótulo, também aplicado às conterrâneas Pearl Jam e Alice in Chains.

"Acho que a localização geográfica era o mais forte [ponto em comum]", diz Arm, para quem, de resto, não há grandes semelhanças entre os grupos.

"O que o Mudhoney faz é hardcore e punk. Eu não digo que somos grunge."

Ironicamente, na história do movimento, ele é tido como o primeiro a usar o termo.

"Acontece que era comum dizer que uma coisa era grungy' [suja], mas de repente isso se tornou um substantivo, e não acho que todas as bandas se encaixem nisso", diz ele, que há oito anos trabalha na Sub Pop como gerente de estoque. Sim, no estoque.

"Eu não lido com a escolha de bandas. Pessoas, por favor, não me entreguem CDs de suas bandas", enfatiza antes de soltar uma gargalhada.

Shepherd é ainda mais direto em negar o título.

"Nós nunca fomos grunge. Somos uma banda de rock", crava ele sobre o Soundgarden. "Não há uma cena grunge hoje. Acho que as pessoas nem usam mais essa palavra", ri.

GARAGEM

Apesar da rejeição dos artistas, para o pesquisador de música popular Ayrton Mugnaini Jr., autor do livro "Breve História do Rock" (ed. Claridade), faz sentido enxergar a cena de Seattle como um movimento.

"Todos têm essa coisa de serem desgrenhados, não se preocuparem com o acabamento", conta. "O grunge retomou o rock de garagem, trouxe-o de volta para a urgência, como o punk havia feito [nos anos 1970]", diz.

Em abril, o Mudhoney lançou o álbum "Vanishing Point", seu primeiro disco desde 2008. No estúdio, porém, ainda preservam o jeito de quem recém deixou a garagem. "Gravamos em duas semanas. Tentamos captar as coisas da maneira mais ao vivo possível", explica Arm.

Outra novidade é a biografia "Mudhoney: The Sound and the Fury from Seattle" (o som e a fúria de Seattle), de Keith Cameron, lançada em setembro na Inglaterra.

O Soundgarden, que anunciou sua volta em 2010, após um hiato de 12 anos, terminou com o jejum de 16 anos sem um disco de inéditas ao lançar "King Animal" em novembro de 2012.

Em 2014, além da turnê pela América Latina, o grupo que tem à frente o vocalista Chris Cornell fará shows como convidada da banda de heavy metal Black Sabbath em junho, na Alemanha.


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