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Montagem quer discutir crise na educação

Em 'Conselho de Classe', Cia. dos Atores pesquisa interpretações realistas a partir de arquétipos do professor

Com texto escrito por Jô Bilac, grupo assume influência do filme 'O Som ao Redor', de Kleber Mendonça Filho

GUSTAVO FIORATTI DE SÃO PAULO

O sistema de educação brasileiro, escolas públicas, professores mal pagos, alunos desmotivados. Raramente o teatro experimental debate questões sociais tão diretamente. E, no entanto, de 2013 para cá, o tema não para de aparecer por aí.

No ano passado, "Prof! Profa!", com Jandira Martini, e "Coro dos Maus Alunos", da Cia. Arthur Arnaldo, debruçaram-se sobre o tema. Agora, a Cia. dos Atores, uma das mais importantes e antigas do país, retoma o assunto em "Conselho de Classe", à sombra de um 2014 pós-manifestações. A peça estreia no Sesc Belenzinho hoje.

Se houve uma ressaca das peças que se posicionavam politicamente de forma direta, isso pode ter decorrido de "um cansaço da época da ditadura", tema fértil neste campo, analisa Bel Garcia, que dirige a nova montagem ao lado de Susana Ribeiro.

O cansaço passou, diz, e junto com essa retomada a Cia. dos Atores experimenta outro retorno às velhas formas. Investe, neste trabalho, nas interpretações realistas, também rejeitadas outrora pelo próprio grupo carioca.

Ribeiro explica que o realismo permite investigar mais profundamente a psicologia de cada personagem, bem como os conflitos que surgem no atrito entre uma personalidade e outra.

UM QUARTEIRÃO

Outra inspiração confessa: o realismo do filme "O Som ao Redor" (2013), primeiro longa do pernambucano Kleber Mendonça Filho, também tem influência sobre uma possível nova fase do grupo. Tanto que a trilha sonora recorre ao mesmo tipo de recurso trabalhado pelo filme.

A trama corre e, ao fundo, ouve-se o mesmo tipo de som: o de bolas na quadra, o sino para o intervalo, vozes distantes, ecos da cidade. "O filme retrata um país inteiro ao falar de um quarteirão do Recife", diz Ribeiro. "Conselho de Classe", diz, busca o mesmo tipo de extensão.

O texto é assinado por Jô Bilac (vencedor de um prêmio Shell por "Savana Glacial", de 2010). Convidado pela companhia, o dramaturgo partiu de arquétipos do professor brasileiro: o cara desmotivado está lá, o acomodado também, o idealista idem.

Bem informalmente, eles começam a peça debatendo a profissão em uma mesa de plástico colocada numa quadra poliesportiva. Falam sobre o ensino no mesmo tom coloquial que usam para falar do calor de 40 graus.

Por trás do marasmo, desvenda-se a crise: um evento corriqueiro leva os alunos da escola a uma reação totalmente inesperada.

"São os mesmos 20 centavos que serviram de estopim para as manifestações de 2013", diz Ribeiro.

O espetáculo concorre ao prêmio Shell com peças que estrearam no Rio de Janeiro em 2013. Foi indicado em três categorias: direção, texto e cenário.


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