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Crítica - Música erudita

CD traz diálogo de Debussy e Ravel com literatura e pintura

SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA

Um processo de afirmação da música francesa iniciado no final do século 19 --marcado pela intenção de se tornar independente da tradição germânica-- se estendeu pelo início do século 20.

Debussy (1862-1918) e Ravel (1875-1937) foram os protagonistas desse momento, que coincide com o resgate de compositores do barroco francês como François Couperin (1668-1733) e Jean-Philippe Rameau (1683-1764).

Obras escritas nesse contexto --como "Le Tombeau de Couperin" e "Pavane pour une Infante Défunte", de Ravel, e "Petite Suite", de Debussy-- integram o primeiro álbum do violinista e regente austríaco Thomas Zehetmair com a Orquestra de Câmara de Paris.

Originais para piano, as três peças foram orquestradas entre 1907 e 1920. Ao invés de evocar a música do passado em seu próprio som, no entanto, o arcaísmo de Debussy e Ravel está mais próximo das "festas galantes" pintadas por Watteau (1684-1721).

Há nelas, de fato, uma luz suave que remete ao quadro "A Peregrinação à Ilha de Citera" (1718), ou de Watteau transformado em um poema da coletânea "Fêtes Galantes" (1869) do romântico Paul Verlaine (1844-1896).

Interpretações notáveis estão nas duas únicas peças originais para orquestra, "Tzigane", de Ravel, na qual Zehetmair faz também o solo de violino, e nas magistrais "Danse Sacrée" e "Danse Profane" (1904), de Debussy, com solo de harpa de Emmanuel Ceysson.

Zehetmair (o regente) domina a difícil arte de levar em paralelo as mudanças de andamento, timbre e volume, como se melodia e harmonia fossem construídas no ar com a energia exata e homogênea da orquestra.

Cinco anos após a morte de Debussy, Ravel orquestrou suas "Sarabande" e "Danse", as obras que fecham o CD. Soam ravelianas: para além da pintura e da literatura francesas, dialogam até mesmo com a música alemã.


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