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Crítica terror

Sustos prejudicam tensão no novo 'Atividade Paranormal'

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

É possível dizer que o cinema consiste na simples dualidade de mostrar ou não mostrar. O que está em jogo é o que o diretor escolhe enquadrar dentro dos limites de sua câmera, muitas vezes fazendo com que o não mostrado contenha parte importante de tudo que deve ser apreendido.

Toda a franquia "Atividade Paranormal" brinca, talvez até de maneira inconsciente, com essa operação cinematográfica elementar de mostrar ou não alguma coisa.

Ao se utilizar de imagens feitas pelos próprios personagens, há nesse tipo de filme um obstáculo a ser vencido: como fazer com que seja crível um personagem sair filmando tudo a toda hora, mesmo quando tomado pelo medo diante do sobrenatural?

Não se trata de clamar por verossimilhança, pois o cinema não é obrigado a ser verossímil, como Hitchcock se cansava de dizer.

A questão é que, dentro da coerência de uma narrativa qualquer, pode haver desencanto imenso por parte do espectador se ele é provocado a achar que a operação está exagerada e que obter a imagem que ele vê seria impossível, a menos que um robô estivesse operando a câmera.

Daí que os filmes que conseguem driblar esse obstáculo --utilizando só câmeras de segurança, por exemplo-- tendem a ser mais interessantes. Infelizmente, não é o caso de "Marcados pelo Mal".

O filme mostra um caso de bruxaria ocorrido em um condomínio habitacional de imigrantes hispânicos. Algumas crianças do bairro são marcadas, ainda na barriga da mãe, para se transformarem em verdadeiros demônios ao completarem 18 anos.

Na primeira metade, temos uma interessante descrição do ambiente, de como vivem e brincam os jovens, principalmente Jesse (o que é marcado), Hector (o que mais fica com a câmera) e Marisol (a garota sorriso).

São adolescentes com suas brincadeiras inconsequentes. Tomamos contato com a realidade do bairro, seus pequenos marginais, o preconceito.

Mais do que em outros longas da série, contudo, o que predomina neste é o susto, a surpresa diante de alguma aparição repentina reforçada com um estrondo. Isso acontece sobretudo na segunda metade, quando o mal começa de fato a aparecer.

A tensão, consequentemente, é interrompida pelo susto, e raramente se sustenta por muito tempo.

Ou seja: voltamos ao parque de diversões.


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