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Crítica drama

Filme retrata rotina tensa em território palestino e israelense

INÁCIO ARAUJO CRÍTICO DA FOLHA

A principal virtude de "Inch'Allah" é, de longe, geográfica. Dificilmente nos damos conta de como essas duas nações são próximas e imbricadas. O filme de Anaïs Barbeau-Lavalette diz respeito a Chloé, uma médica canadense que mora em Israel e trabalha na Palestina.

A rotina de ônibus, posto de fronteira, hospital, ônibus israelenses, ruelas palestinas, casas confortáveis em Israel, casas modestas em Ramallah, a beleza de Jerusalém, a tristeza da Cisjordânia --é esse, de longe, o aspecto mais bem resolvido do filme.

Essa qualidade geográfica se aprofunda se pensarmos que "Inch'Allah" se abre por um atentado num assentamento israelense em terra palestina. A vizinhança é tão cerrada, nesse território teoricamente palestino recortado por ilhas israelenses, quanto é violenta a sensação que se transmite da Cisjordânia como território ocupado.

A intriga serve para ilustrar essas questões e demonstrar a dificuldade de convivência numa situação em que as armas é que têm a palavra final. Chloé tem amizade com Ava, uma jovem que serve o exército de Israel e trabalha num desses postos de fronteira.

Do outro lado, ela é amiga da família de Rand, jovem palestina cujo marido se acha numa prisão em Israel, e irmã do revoltado Imad.

Nesse "entre dois mundos", Chloé funciona como uma espécie de guia do espectador, sobretudo entre os palestinos. Aliás, ela em geral segue à frente da câmera.

E vemos o mundo a partir de seus ombros, como acontece com os guias turísticos. Uma guia de local conturbado, que precisa sair correndo em situações de perigo, com a câmera atrás, trepidando.

Passado o momento inicial, o mais claramente geográfico, a desigualdade da ficção é marcante. A ficção não raro mergulha em abismos de lugar-comum, embora por vezes saiba emergir com brio.

No final, em particular: a brecha que um menino palestino com vestes de super-herói abre no muro israelense e um atentado bem urdido são dois momentos em que observação e imaginação andam juntas e de maneira criativa.


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