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Crítica drama

Coppola recusa convenções e realiza cinema fora de época

Diretor experimenta volta às origens e tenta se reinventar em 'Vírginia'

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

Os devotos de "O Poderoso Chefão", de "Apocalipse Now" e mesmo de "Drácula" podem ser os primeiros a se decepcionar com "Virgínia", mais recente longa de Francis Ford Coppola em cartaz em São Paulo desde ontem.

A trama, que parodia dados autobiográficos, gira em torno do impasse criativo de um escritor traumatizado pela morte da filha. Ao chegar a uma cidade perdida no tempo, Hall Baltimore, feito por um Val Kilmer intencionalmente "ultrapassado", depara-se com crianças-fantasma, um xerife suspeito e um grupo de jovens com atitude e aparência de vampiros.

Longe da grandiosidade operística que caracteriza os filmes mais retumbantes do diretor, ícone do cinema americano dos anos 1970, "Virgínia" é um filme "menor".

Convém ressaltar que "menor" também significa "outra medida" ou até "contrário" ao padrão que a maioria associa a Coppola. A mudança não tem nada de involuntário, como o diretor explicitou em entrevista à revista francesa "Les Inrockuptibles".

"Se realizei este filme e, antes dele, Velha Juventude' e Tetro', foi para me libertar da lembrança um pouco sufocante dos meus filmes dos anos 1970, aos quais todos os seguintes foram comparados. Espero ter alcançado outras perspectivas, pois não faz sentido entrar em competição consigo mesmo. Mais do que tentar atingir de novo um patamar, é melhor tentar se reinventar", declarou.

De fato, o que vemos em "Virgínia" é a recusa de convenções, um cinema fora de época, um filme "vintage".

Para lidar com as limitações de orçamento, Coppola experimenta uma viagem de volta às suas origens como cineasta, quando era um jovem aprendiz e executava tarefas para o produtor Roger Corman em filmes baratos como "Sombras do Terror".

No entanto, a inclusão de Edgar Allan Poe como personagem e os efeitos pobres não se resumem a mais uma homenagem a Corman.

Mais que isso, trata-se de, a exemplo de Corman, forjar uma independência econômica e estética e com elas reavaliar se o cinema ainda pode ser uma forma de expressão alimentada pelo imaginário ou tornou-se para sempre refém da tecnologia.


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