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Crítica romance

Dennis Lehane une violência e rigor histórico em novo livro

Autor de 'Sobre Meninos e Lobos' narra ascensão de gângster na Lei Seca

LUIZ BRAS ESPECIAL PARA A FOLHA

Desde menino, o sonho de Dennis Lehane era escrever um romance de gângsteres. Algo memorável, na linha de "Scarface", de Armitage Trail, ou "O Poderoso Chefão", de Mario Puzo.

Lehane tornou-se mundialmente conhecido graças à adaptação para as telas dos romances "Sobre Meninos e Lobos" (2001), e "Paciente 67" (2003). Clint Eastwood dirigiu o primeiro longa (de longe o melhor dos dois) e Martin Scorsese, o segundo, batizado no país de "Ilha do Medo".

O problema com essas adaptações, bem menos interessantes que os livros, é que Lehane é um ficcionista cadenciado e meticuloso, que dedica dezenas de páginas até a situações e personagens secundários, sem pressa.

Em duas horas e meia de projeção não daria para condensar enredos tão amplos sem sacrificar a qualidade ou fugir da matriz literária.

Desafio maior para o cinema é certamente "Os Filhos da Noite", romance mais recente do autor.

A narrativa de 480 páginas, cujos direitos Ben Affleck já tratou de adquirir, cobre um período de tempo não muito extenso --pouco menos de uma década-- na vida do fora da lei Joe Coughlin. Mas, nesses quase dez anos, de 1926 a 1935, acontece o diabo.

No início do livro, vemos o jovem Joe e seus melhores amigos assaltando um bar clandestino no sul de Boston. Estamos em plena Lei Seca.

Começa aqui a ascensão de um futuro mafioso. Em pouco tempo, Joe subirá muitos degraus no organograma do crime organizado. Dois itens seguem o herói em sua jornada: um objeto e uma certeza.

O objeto é um relógio de ouro recebido de presente de seu pai, destacado capitão de polícia --ou seja, um cidadão corrupto como qualquer outro. A certeza é a frase sempre repetida: "Eu não sou um gângster, sou um fora da lei", na tentativa de negar para si mesmo sua real identidade.

Joe detesta resolver tudo à bala ou na porrada, preferindo as soluções diplomáticas, mas a especialidade de Lehane é mesmo a violência.

Os melhores momentos de "Os Filhos da Noite" são os mais brutais: o assalto ao banco First National, a temporada na Penitenciária de Charlestown, o roubo de armamento da Marinha norte-americana, a guerra contra a Ku Klux Klan e o combate final contra o chefão Maso Pescatore e seus homens.

Sustentando cada situação, por mais macabra que seja, há uma cuidadosa rede de dados, fruto de uma pesquisa histórica consistente.

"Os Filhos da Noite" recebeu críticas positivas e negativas nos Estados Unidos. Essa recepção polarizada talvez o deixe de fora do ranking dos melhores romances de gângsteres, mas não resta dúvida de que é um dos melhores livros de Dennis Lehane.


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