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Crítica música

Livros exaltam Isaurinha e Inezita Barroso

As duas cantoras paulistanas ganham perfis traçados por autores que não poupam elogios a suas trajetórias

LUIZ FERNANDO VIANNA ESPECIAL PARA A FOLHA

Os recém-lançados perfis das cantoras Isaurinha Garcia e Inezita Barroso derrapam num problema comum nesse tipo de livro: são repletos de loas, exaltações, como se isso fosse necessário para ressaltar a importância das personagens.

É verdade que Isaurinha (1923-1993), sobretudo, anda esquecida, injustiça com uma excelente cantora, tão identificada com São Paulo em função de seu sotaque.

Mas o problema não se resolve com a opção tomada pela produtora cultural Lulu Librandi, que enche o seu "Quando o Carteiro Chegou... Mensagem a Isaurinha Garcia" de elogios próprios e alheios à sua amiga. Há esse atenuante, aliás: ela deixa claro já no início que é um livro-homenagem.

Mas Librandi não resiste a homenagear a si própria ("bolado por minha cabeça ousada") e a patinar em clichês pró-Isaurinha de veracidade discutível ("era uma unanimidade").

Ainda há erros primários, como dizer que Pixinguinha liderava o grupo Época de Ouro, do qual jamais participou, e que o famoso concerto da bossa nova no Carnegie Hall foi em 1961, e não em 1962.

Mas Librandi, amiga da família, teve acesso a cartas e poemas da cantora, o que rende momentos reveladores e comoventes.

O livro ainda traz encartado o DVD com a entrevista dada por Isaurinha a Fernando Faro, em 1972, no programa "MPB Especial". Vale muito.

Talvez para evitar o sensacionalismo de que acusa a imprensa da época, a autora não vai tão fundo quanto poderia nas turbulências do casamento de Isaurinha com o organista Walter Wanderley, a quem ela continuou amando mesmo depois de ele ir para os Estados Unidos em 1966 e não voltar. Mas o principal está contado.

PATRIMÔNIO

Arley Pereira morreu em 2007 sem ver "Inezita Barroso "" A História de uma Brasileira" concluído e publicado --o que foi possível com a ajuda de várias pessoas.

O livro mostra o que sempre se soube do autor: um pesquisador rigoroso, grande conhecedor da música brasileira. A discografia detalhada da artista é uma das preciosidades do volume.

Porém, encantado com outra cantora paulistana tão forte, que conciliou a vida em alta sociedade com a imersão na cultura caipira, Pereira não resiste a adjetivos como "magistral" e expressões como "uma das mais brilhantes estrelas da música brasileira". Há até um capítulo só para os prêmios e homenagens que ela recebeu.

E Pereira não consegue se desviar de algo frequente em perfis: a personagem, com os depoimentos dados ao autor, predomina como fonte das histórias, sem que haja muitos outros entrevistados a oferecer contrapontos e acréscimos.

A compensação é a riqueza de informações espalhadas pelo livro e a riqueza da própria perfilada. Há 34 anos apresentando o programa "Viola, Minha Viola" na TV Cultura, Inezita é, aos 88, um patrimônio nacional.

Além de toda a sua importância para a música do interior, ainda foi quem lançou "Ronda", de Paulo Vanzolini, em 1953.

Ao contrário do de Isaurinha, que não vai além de um esboço para tanto, o livro sobre Inezita é a base sólida de qualquer obra mais ampla que se deseje fazer sobre ela. Adjetivos dos autores à parte, não há dúvida de que são duas artistas fundamentais.


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