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Filme motiva reações contra SeaWorld

'Blackfish' se baseia em depoimentos de antigos treinadores de animais para condenar atrações em parques

Longa gera protestos e cancelamentos de shows de artistas; para empresa, produção é imprecisa e enganosa

SILVIO CIOFFI ADRIANA FARIAS DE SÃO PAULO

Pode um documentário orçado em US$ 76 mil (R$ 178,3 mil) colocar na berlinda uma empresa avaliada em US$ 2,5 bilhões? A resposta é sim.

Nos Estados Unidos, a estreia de "Blackfish - Fúria Animal", dirigido por Gabriela Cowperthwaite, atingiu a reputação do SeaWorld, conjunto de parques aquáticos que promove shows e exibições de mamíferos marinhos.

A repercussão do documentário, que vinha sendo apontado como candidato ao Oscar, levou ao menos 150 pessoas que se opõem ao confinamento de animais a protestarem durante participação do SeaWorld no evento Rose Parade, em Los Angeles --19 foram presos.

Ao menos nove artistas, entre eles o músico Willie Nelson, cancelaram shows no local após verem o documentário. Páginas no Facebook inflam o coro dos que pedem boicote ao SeaWorld.

Em seu site, Cowperthwaite, documentarista norte-americana e filha de brasileiros, afirma que "a ideia não era fazer algo contra o SeaWorld". Ela usou a narrativa de antigos treinadores de orcas e golfinhos para condenar os shows de cetáceos.

Mas as exibições já repercutiam desde que, em 2010, a treinadora Dawn Brancheau foi arrastada pela orca Tilikum para o fundo de um tanque, em Orlando, e morreu diante da plateia.

No Brasil, coincidindo com o aniversário de 50 anos do SeaWorld em março, o filme será lançado pela Universal Pictures, em DVD e Blu-ray. A produção modesta já arrecadou US$ 2 milhões (R$ 4,69 milhões) em bilheteria.

Para ativistas como o norte-americano Ric O'Barry, que treinou os golfinhos usados nos anos 1960 pela série televisiva "Flipper" --e que, depois, mudou de lado, transformando-se num crítico do confinamento desses mamíferos em shows--, a tragédia que ocorreu com Dawn Brancheau não é um caso isolado.

Do ponto de vista das regras de captura dos cetáceos para atuarem em espetáculos, muita coisa já mudou.

O SeaWorld se diz comprometido com a proteção e a reprodução de espécies, afirma que resgata da natureza animais doentes e qualifica seus shows como educativos.

Pouco convencidos do escopo científico e ético dos parques, ativistas como O'Barry, fundador do instituto conservacionista The Dolphin Project, clamam pelo esvaziamento imediato dos tanques com mamíferos marinhos no mundo todo.

OUTRO LADO

Diante da repercussão causada pelo documentário, o SeaWorld em São Paulo encaminhou à Folha uma nota na qual afirma que, "ao invés de dar um tratamento justo e equilibrado a um assunto complexo, o filme é impreciso e enganoso e, lamentavelmente, explora um acidente trágico que continua sendo fonte de profunda tristeza para os familiares e amigos de Dawn Brancheau".

A empresa argumenta ainda que o filme omite o fato de que o SeaWorld resgata, reabilita e devolve à natureza centenas de animais selvagens, destinando milhões de dólares anualmente para programas de pesquisas científicas e de conservação.

Sobre o motivo de o grupo ter decidido não participar do filme, a nota diz: "Ao lidar com um assunto tão complexo como a exibição zoológica de baleias orcas, nós ficaríamos muito mais propensos a cooperar com os autores e cineastas se sentíssemos que a abordagem do assunto foi feita com boa-fé, com o verdadeiro compromisso com equilíbrio, justiça e precisão das informações".


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