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Crítica - Música erudita

Orquestra Barroca atualiza elo entre Mozart e padre Garcia

SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA

"O entusiasmo com que o padre Garcia trabalhou as dificuldades para executar a obra-prima do nosso imortal Mozart merece os agradecimentos mais calorosos." O trecho está naquela que é provavelmente a primeira crítica de um evento musical no Rio de Janeiro.

Foi escrita em alemão e publicada no principal periódico musical de Viena. Assinada por Sigismund Neukomm, noticiava a apresentação do "Réquiem", de Mozart (1756-1791), dirigida pelo padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) na Igreja do Parto em 19 de dezembro de 1819.

Neukomm (1778-1858) nasceu em Salzburgo, na Áustria --terra de Mozart-- e estudou com Haydn antes de passar cinco anos na cidade do Rio de Janeiro. Ele chamava a atenção "do mundo das artes europeu" para a obra do músico carioca.

O novo CD da Orquestra Barroca do Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora (MG) justapõe o próprio "Réquiem" de Mozart a duas obras do padre mestiço.

Dirigida por Luís Otávio Santos --exímio especialista do violino barroco--, a coleção de CDs lançados anualmente pelo festival é em si um acervo de música antiga brasileira, e merecia estar disponível até mesmo para aulas de história do Brasil.

Um dos fatores de unidade da nova gravação é a participação do experiente coro Calíope; a orquestra, como de hábito, utiliza instrumentos de época.

O álbum tem uma sonoridade triste e bela, que ecoa a austeridade das igrejas mineiras. O "Réquiem" --missa fúnebre-- aqui não idealiza a morte nem luta contra ela: apenas celebra o tênue fio de luz que resta, a "lux aeterna".

No "Tuba Mirum", o equilíbrio ficou um pouco prejudicado pela maior presença vocal de soprano (Marília Vargas) e tenor (Pedro Couri Neto) em relação a contralto e barítono.

"Dies Sanctificatus" (1793) e "Gradual de São Sebastião" (1799) são obras escritas pelo padre Garcia antes da chegada da família real portuguesa ao Brasil. Exalam humildade e piedade.


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