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Crítica - Comédia

Atores e políticos se enfrentam em jogo de verdadeiro ou falso

MONTAGEM CAPTA BEM A DIMENSÃO GROTESCA DOS PERSONAGENS E O RITMO ACELERADO DA FARSA

CAROLIN OVERHOFF FERREIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"A Arte da Comédia" de Eduardo de Filippo, de 1964, não perdeu sua atualidade.

Ela confronta, no primeiro ato, a concepção teatral de um prefeito provinciano com a de um diretor mambembe.

Na segundo, a demonstração do jogo entre ser e parecer dá lugar à constatação da impossibilidade de diferenciar a interpretação de um papel da atuação no palco da vida.

A montagem de Sergio Módena capta bem a dimensão grotesca dos personagens e o ritmo cada vez mais acelerado da farsa. Contudo, apresenta a peça como clássico, abrindo mão da possibilidade de torná-la contemporânea e comentar sobre a atual cena teatral brasileira.

A cenografia (Aurora dos Campos) é responsável por um ar anacrônico. Funcional, delineia com poucos traços um pátio e depois o interior de uma prefeitura numa vila da Itália do pós-guerra.

O figurino (Antônio Medeiros) e a direção de atores também evita referências à classe artística ou aos políticos atuais que poderiam apontar para um necessário debate sobre políticas públicas.

No entanto, o espetáculo possui interpretações memoráveis de todo o elenco. Ricardo Blat interpreta o diretor com a esperteza de um Puck shakespeariano cujas referências ao prefeito nunca renunciam à rebeldia contra o poder que este representa.

Thelmo Fernandes é hilário como prefeito jovial, porém altivo no seu primeiro dia de trabalho. Sua tese autoritária consiste na separação clara entre palco e vida.

Quando ele entrega ao diretor, por engano, a lista dos dignitários que se apresentarão neste dia, este ameaça negar a tese do prefeito ao representá-los com sua trupe.

Nas visitas, o prefeito e seu secretário (Gustavo Wabner) afundam, de fato, cada vez mais na confusão sobre a verdadeira identidade deles.

Com destaque para o médico (Alcemar Vieira) e o padre (Celso André), o elenco diverte na representação dos relatos exagerados que poderiam ou não ser verdade.

Convencendo o espectador da teatralidade de todo comportamento humano, a força da montagem consiste em provar o poder da arte teatral.


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