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Apocalíptico

Artista plástico e estilista do Japão expõem em São Paulo roupas em que tentam traduzir tsunamis e terremotos para a linguagem da moda

PEDRO DINIZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O namoro entre artes visuais e moda ultrapassa os limites do Ocidente para encontrar nos japoneses Junko Koshino e Go Yayanagi seus maiores expoentes.

A dupla inaugura hoje, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, a exposição "Opa! Uma Alegre Revelação".

Yayanagi, 80, é no Japão a referência da pop art, "que eu já fazia antes dos britânicos da década de 1950", diz ele. Já Koshino, 74, é a guru da desconstrução e da geometria na moda local.

A mostra resulta de uma parceria de três anos: Koshino transforma os desenhos de Yayanagi em peças de roupa que sintetizam o "momento apocalíptico pelo qual o mundo atravessa", diz ele, citando terremotos e tsunamis, como os que devastaram parte da costa japonesa em 2011.

Crianças sobreviventes da tragédia natural e do desastre nuclear de Fukushima foram convidadas a desenhar suas impressões sobre a destruição. A instalação está em uma das quatro salas da mostra em São Paulo.

Elas pintaram caracóis --que foram uma fixação de Yayanagi em outra fase de sua carreira--, dispostos ora em blocos suspensos ora em estruturas fixas no chão.

"É uma visão de esperança dentro do caos, da devastação e do luto que hoje alimentam as obras dos artistas japoneses", diz Yayanagi.

A obra do artista plástico e a da estilista também tem como influência a estética tropical, assimilada em visitas que os dois fizeram ao Brasil em diferentes épocas. Yayanagi, aliás, morou nos anos 1950 em Ouro Preto (MG).

"Sou de uma cidade [Osaka] em que as festividades se assemelham muito às do Brasil. Quando estou aqui, não sinto o peso da distância geográfica e gosto de registrar minhas impressões sobre a luz que incinde nas cores", afirma Koshino.

Para a estilista, a moda pode trazer para as artes visuais um alcance que elas sozinhas não conseguiriam atingir.

"Essa moda talvez seja a representação máxima do que se entende por pop art, que é tornar pública e massificada a construção de um pensamento", diz Yayanagi.


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