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Rituais indígenas inspiram coreografia contemporânea

Criação da Cia. Oito Nova Dança está em cartaz no Sesc Pinheiros, em SP

Em trabalho conjunto com a Companhia Livre de Teatro e um antropólogo, grupo pesquisou mitos

IARA BIDERMAN DE SÃO PAULO

Guarani, carajá, caiapó. Waja, awá guaja, marabu. Tucano, kaxinawa. Ianomâmi.

Oito artistas da companhia Oito Nova Dança e da Companhia Livre de Teatro escolheram essas tribos para uma jornada coreográfica em busca de seu corpo ancestral --que se movimenta como um pássaro, por exemplo, conforme características pessoais e história de vida.

No espetáculo "Xapiri Xapiripë", em cartaz no Sesc Pinheiros, em São Paulo, os bailarinos-atores-músicos transformam mitos indígenas em dança contemporânea, movimentos em novas formas de se ver o corpo. Como num ritual xamanista, a dança é um corpo que se transforma em outros seres.

O nome da obra vem da mitologia ianomâmi. "Xapiripë' são pequenos seres da floresta, duplos de todas as coisas vivas, que dançam sobre espelhos que refletem só luz", conta Lu Favoreto.

A coreógrafa trabalha com a diretora Cibele Forjaz, da Cia. Livre, há mais de cinco anos. Para montar "Xapiri Xapiripë", foram quase dois anos de pesquisa, com a orientação do antropólogo Renato Sztutman, professor da USP e pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios.

"O conteúdo chegou via antropólogo: imagens, audiovisuais, textos. E a gente percebeu como ainda se conhece muito pouco desse universo dos índios", diz Favoreto.

O tema abre um mundo de possibilidades para a pesquisa coreográfica, segundo Favoreto. Assim como, há tempos, a dança descobriu a África e criou toda uma linha de trabalho a partir disso, chegou a hora de se (re)descobrir a América.

"É coerente descobrir a América agora", diz a coreógrafa. "Nos índios, não se sabe o que é dança e o que é movimento cotidiano. O corpo que dança é igual ao que cuida, caça, come."

Esse corpo integrado tem tudo a ver com o trabalho de coordenação motora e movimento consciente que orientam muito da criação contemporânea de dança --e boa parte do imaginário do ser urbano dos dias de hoje.

"A gente retoma uma coisa primordial no ser humano, essa integração entre corpo e mente que acabou se fragmentando no processo evolutivo", diz Favoreto.

PAJELANÇA

O espetáculo começa com a apresentação de um mito de origem dos povos do Alto Rio Negro (Amazonas).

Segundo essa lenda, o mundo é criado a partir de uma cobra que, conforme serpenteia pelas águas do rio, vai depositando em suas margens cada um dos povos que povoarão a Terra.

No tablado montado sobre o palco do teatro, são as tribos escolhidas pelos bailarinos que ganham forma para, então, começarem o seu processo de transformação.

A pajelança coreografada é dividida em três partes, definidas pelos "detonadores da transformação", segundo Forjaz: fumaça (cachimbos, incenso), comida (que envolve a caça e a luta pela sobrevivência) e finalmente, canto e dança, a parte mais coletiva e festiva do espetáculo.

XAPIRI XAPIRIPË
QUANDO terças e quartas, às 20h30; até 26/2
ONDE Sesc Pinheiros, r. Paes Leme, 195, tel. (11) 3095-9400
QUANTO de R$ 2 a R$ 10
CLASSIFICAÇÃO livre


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