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Crítica ação
Adaptação hollywoodiana enfraquece lenda japonesa
ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHAMais do que um fato histórico, a epopeia dos 47 ronins faz parte do panteão de lendas do povo japonês e é considerada como a expressão acabada do "bushido", o código de honra dos samurais.
A memória dos 47 guerreiros é reverenciada em festas tradicionais e em inúmeras adaptações da saga para o teatro, cinema, literatura e mangás.
No começo do século 18, lorde Asano, senhor da cidade de Ako, é obrigado a cometer o "seppuku" --suicídio ritual-- depois de atacar o arrogante lorde Kira, que cobiça suas terras.
Desonrados pelo suicídio de Asano e banidos, os 47 ronins --samurais sem senhor-- decidem lavar sua honra e planejam a vingança meticulosamente durante dois anos. O desfecho trágico deu envergadura mítica à história.
A lenda sofreu mudanças nesta versão hollywoodiana, como a introdução de Kai (Keanu Reeves), um guerreiro mestiço adotado ainda garoto por lorde Asano (Min Tanaka). Apesar de sua lealdade incondicional a Asano, Kai é marginalizado por outros samurais, que o acusam de ter ligações com demônios.
Apaixonado por Mika, filha de Asano, que também é desejada por Kira (Tadanobu Asano), Kai é decisivo na execução da vingança.
O outro ronin fundamental na história é Kuranosuke Oishi (Hiroyuki Sanada), o líder do grupo, que, caído em desgraça, arrisca tudo no plano de vingança.
O roteiro não está à altura da lenda, pois não tira proveito de todo o potencial dramático desta, reduzindo-a a uma história de artes marciais. A opção de narrá-la como um conto fantástico não é ruim, mas a ênfase nas pomposas cenas de batalha --que justificam o uso do 3D-- tira a história do prumo.
Nesse contexto, não surpreende que os personagens sejam figuras com pouca profundidade, encarnadas por atores inexpressivos.
Convincente nas cenas de luta, Keanu Reeves chama a atenção ao manter a mesma insípida expressão facial do início ao fim. Outro aspecto que não ajuda é a opção por diálogos em inglês em um filme sobre o Japão tradicional.