Folha de S.Paulo

Livro conta a vida pregressa da agente da série 'Homeland'

ISABELLE MOREIRA LIMA DE SÃO PAULO

Andrew Kaplan conta que nunca aceitou encomendas de livros. Por isso, o autor conhecido nos Estados Unidos por seus romances de espionagem pensou duas vezes quando foi convidado por um estúdio a escrever um volume baseado na série "Homeland", trama de investigação estrelada por Claire Danes.

Kaplan nunca tinha assistido a um episódio, mas ficou viciado ao ver do que se tratava. Topou a proposta do estúdio Fox e da editora Harper Collins na hora. Assim nasceu "Homeland: Como Tudo Começou - A História de Carrie".

"A ideia de escrever do pontos de vista de uma mulher, que é uma espiã da CIA e também é bipolar, me pareceu um grande desafio. Eu não consegui recusar", disse em entrevista à Folha.

Encantado por Carrie Mathison, Kaplan decidiu ficar mais tempo com ela. Em vez de tratar de eventos que se passam imediatamente antes da primeira temporada, que começa em 2011, ele levou a história ao Líbano em 2006. Isso lhe deu a oportunidade de escrever uma sequência, em que trabalha agora.

TEM A FAMILIAR

Se a bipolaridade e a voz feminina foram desafios, a trama de espionagem é algo familiar e natural para o autor. Ex-correspondente do "Internacional Herald Tribune" em Paris, Kaplan conta que atuou nos exércitos norte-americano e israelense. Segundo ele, foi contatado diversas vezes pela CIA para que colaborasse com a agência de informação.

De suas incursões no Oriente Médio veio a confiança para contar a história da heroína de "Homeland". No livro, a espiã está baseada em Beirute, onde tenta encontrar-se com uma fonte, mas acaba vítima de emboscada.

Consegue fugir, mas não escapa de uma briga acalorada com o chefe local, que decide mandá-la de volta à base da CIA. Antes de retornar, descobre que um grande ataque está sendo planejado para atingir os EUA.

Muitos dos personagens da série aparecem no livro --entre eles, Saul Berenson (Mandy Patinkin), o chefe do Serviço Clandestino Nacional, e David Estes (David Harewood), diretor do Centro Antiterrorismo. Manter uma linha de coerência entre literatura e série foi um dos pontos fundamentais do trabalho.

"Foi tudo coordenado. Os roteiristas e eu tínhamos reuniões constantes para alinhar as informações. O nome do meio de Carrie, por exemplo, deu um trabalhão."

Quando o livro estava na gráfica, os roteiristas usaram uma opção diferente para o nome e Kaplan teve de mudar em cima da hora. "Foi um sufoco, mas conseguimos mudar a tempo."