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Tom Zé diz que mudou após ataques na web

Em estreia de sabatina musical da Folha, compositor fala sobre Copa e Michel Teló

DAIGO OLIVA EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

Traidor, corrompido e vendido. Esses foram alguns dos adjetivos dados ao músico Tom Zé, 77, no início de 2013.

Alvo de ataques nas redes sociais após fazer a locução de uma propaganda da Coca-Cola que exaltava o Brasil --o refrigerante é um dos patrocinadores da Copa--, o músico diz não estar mais tão otimista em relação ao Mundial.

"Depois das manifestações [desde junho], minha cabeça mudou bastante. Não quero falar de partido político nenhum, mas um partido precisa de uma previsão mais sofisticada do que vai acontecer", critica Tom Zé em entrevista durante a Roda da Folha, novo formato de sabatina realizado pelo jornal.

"Se eles [o governo] pudessem se arrepender, se arrependeriam", afirma.

Embora negue, Tom Zé também parece ter se arrependido. Após as críticas à participação no comercial, o baiano doou o cachê de R$ 80 mil para a Sociedade Lítero-Musical 25 de Dezembro de Irará, cidade onde nasceu. Antes, havia declarado que iria usar o dinheiro para a gravação de um novo trabalho.

"Eu não posso sair aqui como um gostosão dizendo eu sou contrário' [à Copa]. Mas a Copa está se tornando um monte de elefantes brancos."

AI, SE EU TE PEGO

Outro fruto da polêmica, o último disco de Tom Zé, batizado ironicamente de "Tribunal do Feicebuque", faz referências ao caso e conta com a participação de jovens artistas como o rapper Emicida, as bandas O Terno e Trupe Chá de Boldo, o músico Tatá Aeroplano e a Filarmônica de Pasárgada.

Na faixa homônima que abre o álbum, o MC debocha da situação com passagens como "o que que custava morrer para fazer música?".

"Todas essas pessoas que têm colaborado comigo são muito trabalhadoras, o que é importante para mim, porque eu não sou gênio, sou um obsessivo que vira 16 horas por dia para tirar dois compassos", dramatiza Tom Zé.

Porém, ao ser perguntado quem seria gênio no cenário da música brasileira atual, o baiano não citou nenhum dos músicos próximos a ele.

O escolhido foi o paranaense Michel Teló, cantor do pop sertanejo que estourou com o hit "Ai, Se Eu te Pego".

"Eu tenho a maior inveja da pessoa que pensou em um negócio tão colocado em qualquer situação da vida", diz.

"Pelo menos a mocidade está sempre olhando para a sua parceria e dizendo: Ai se eu te pego'. É genial, né?"

Em 2011, no mesmo Facebook que dá nome ao seu último disco, foi criada uma página que pedia para que Tom Zé assumisse a pasta da Cultura, substituindo a então ministra Ana de Hollanda.

O músico trata de afastar qualquer ideia de ocupar um cargo político, área em que "não conseguiria andar de maneira nenhuma".

A Marta Suplicy, atual ministra da Cultura, porém, o artista não poupou críticas.

"Quando foi eleita prefeita de São Paulo, a cidade toda se queixava de um contrato de recolhimento de lixo do governo anterior. Quando ela entrou, continuou com o mesmo contrato", diz.

"O Ministério da Cultura não colhe lixo, colhe fluidos. Então é como se continuasse um contrato de colher fluidos que dá um imenso prejuízo ao verso dos poetas. Em todo lugar que ela vá, vai continuar com aquilo que dá prejuízo aos interessados."

Nas paredes da sala de seu apartamento, lotadas de pinturas, fotografias, e cartazes em que aparece representado das mais diferentes maneiras, o músico filosofa sobre como prefere se enxergar.

"O Tom Zé de que eu gosto mais é o que eu estou vivendo agora. Porque eu tive muita dificuldade, passei 20 anos no psicanalista. E não estou pronto nem agora. Ainda preciso muito de psicanálise."

Em seguida, gargalha.

Veja a entrevista completa

folha.com/tv


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