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Teatro
Cia. Sutil interrompe atividades após duas décadas nos palcos
'Decidimos dar um tempo', diz diretor Felipe Hirsch sobre grupo teatral que encenou 'A Vida É Cheia de Som e Fúria'
História da companhia é símbolo de geração que consolidou a era dos coletivos financiados com recursos públicos
Pode não ser definitivo. Mas o diretor Felipe Hirsch afirma que a Sutil Cia. de Teatro, criada em 1993 por ele, o ator Guilherme Weber e outros artistas de Curitiba, chegou a um ponto final.
Hirsch diz que a decisão foi determinada por dois fatores: 1) porque o trabalho em grupo não oferece estabilidade financeira a seus integrantes; 2) com "vontade de variação", os membros da companhia desenvolveram atividades paralelas, colocando a pesquisa do grupo de lado.
O trabalho da Sutil tornou-se referência a partir de "A Vida É Cheia de Som e Fúria", em 2000, até hoje lembrada pela aproximação com o público jovem, com a trilha passando por bandas como Pixies e Primal Scream.
Em sua trajetória, estreou mais de 20 montagens, a última delas "O Livro de Itens do Paciente Estevão" (2012).
"Não queríamos divulgar isso, porque não sabemos se daqui a cinco, dez anos, alguma ideia vai servir de fagulha para a Sutil voltar", diz Hirsch. "Mas sentimos que cada um de nós estava em um caminho próprio e então chegamos à conclusão de que queríamos dar um tempo", explicou o diretor.
Sobre os principais membros do grupo: a cenógrafa Daniela Thomas está se dedicando a grandes eventos (ela fez o pavilhão brasileiro da Feira de Frankfurt no ano passado) e à direção de uma peça. O ator Guilherme Weber está dirigindo um filme.
O ator Leonardo Medeiros aceitou convites para o cinema e a televisão (atuou nos longas "Anita e Garibaldi" e "O Tempo e o Vento"), e o iluminador Beto Bruel tem projetos de peças autônomas.
CENÁRIO
Temporária ou não, a pausa da Sutil lembra que as companhias estáveis do país, fomentadas por recursos públicos, não são tão estáveis assim. Balançam com a instabilidade financeira; recriam-se com novos elencos.
No ano passado, duas companhias importantes na história recente do teatro nacional cogitaram sair de cena. A Cia. Livre, dirigida por Cibele Forjaz, e a Cia. dos Atores, hoje em cartaz com "Conselho de Classe", citam problemas financeiros que ameaçaram a continuidade de suas pesquisas.
A Cia. dos Atores não saiu ilesa: perdeu a atriz Drica Moraes e o diretor Enrique Diaz, dois pilares da formação original. Na Cia. Livre, quatro de oito artistas permanecem no chamado "núcleo duro".
Há exceções, como o grupo Lume, de Campinas, que mantém sua formação original praticamente intacta.