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Longa cria fantasias e distorce fatos reais

FERNANDA EZABELLA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

Quando Emma Thompson enxuga os olhos no final de "Walt nos Bastidores de Mary Poppins", a pergunta fica no ar: emoção ou raiva?

A atriz vive a escritora P.L. Travers (1899-1996), que viaja a Los Angeles para discutir o musical inspirado em seus livros sobre a babá voadora.

"Walt nos Bastidores de Mary Poppins" chegará ao Brasil após uma fraca passagem pelas bilheterias dos EUA e com uma indicação ao Oscar pela trilha sonora.

Travers é retratada como uma mulher irritante e mal-educada, que não concorda com nada do roteiro. E o filme nos faz acreditar que, ao ver a obra final na grande tela, a autora finalmente baixa a guarda e sucumbe à genialidade de Walt Disney (1901-1966), interpretado por Tom Hanks.

A produção é "baseada em fatos reais", mas talvez a inspiração tenha tomado o guarda-chuva de Poppins e voado longe demais.

Na vida real, Travers não gostou nada das animações que dançavam com os atores de "Mary Poppins" (1964) e saiu da pré-estreia pronta para fazer várias mudanças, nunca acatadas pela Disney.

'LICENÇAS POÉTICAS'

"Há cartas que indicam que ela achava que sua Mary Poppins não estava representada no filme, não tinha nada a ver", disse Steven Vagnini, diretor do Arquivo dos Estúdios Walt Disney, que preserva correspondências, áudios e tudo o mais relacionado às produções do estúdio.

Diversas "licenças poéticas" foram tomadas. Walt Disney só ficou um dia em Los Angeles com Travers, e não durante sua estada inteira como mostra o filme, e também nunca a levou para a Disneylândia.

"Walt não gostou muito de conhecê-la, foi meio que um aborrecimento para ele. Depois do primeiro dia dela no estúdio, ele se mandou para Palm Springs e só voltou quando ela foi embora", disse Vagnini.

E aqui vão outros "spoilers": o motorista vivido por Paul Giamatti, que cuida de Travers no longa, nunca existiu. E quando ela desiste de tudo e volta para Londres sem dar permissão ao filme (mentira), Disney não pegou o primeiro avião para ir atrás dela e convencê-la. "Aquilo não aconteceu", disse Vagnini. "Ele a visitou em Londres, mas antes de ela vir a Los Angeles."

Enquanto Travers surge como uma mulher frígida e solitária (na verdade ela tinha um filho e relacionamentos com homens e mulheres), Disney é o bonachão da história.

Na vida real, ele morreu dois anos após o lançamento do musical por causa de um câncer no pulmão. Fumante de três pacotes de cigarro por dia, no filme ele nem aparece fumando, apenas apagando um cigarro.


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