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Crítica - Música

Trabalho monstruoso conta a história do pop

Autor britânico consegue ser abrangente e sintetizar em 800 páginas o fenômeno musical, cultural e social

ANDRÉ BARCINSKI ESPECIAL PARA A FOLHA

Contar a história da música pop em um livro. Essa foi a missão do britânico Bob Stanley ao escrever "Yeah Yeah Yeah: The Story of Modern Pop".

Numa época em que livros imensos são escritos sobre músicos desconhecidos e subgêneros musicais restritos a um pequeno número de fãs, é bom saber que ainda existe um autor interessado em grandes temas e com o talento necessário para ser, ao mesmo tempo, sintético e abrangente.

O livro tem 800 páginas, divididas em 65 capítulos. Começa em 1952, com a criação da primeira parada de sucessos na Grã-Bretanha, e termina nos anos 2000, com a derrocada da indústria do disco, vítima da tecnologia digital do CD, o cavalo de Tróia que enriqueceu as gravadoras para depois derrubá-las com as trocas de arquivos.

Stanley conta, em ordem cronológica, a história do pop, de Elvis Presley a Timbaland, passando por Beatles, Dylan, Stones, a Motown, a Stax, a discoteca, a new wave, o pop europeu do Abba, o britpop, o grunge e o hip-hop.

É um trabalho monstruoso, que o autor executa com uma percepção rara das relações entre gêneros e artistas.

O capítulo sobre os Beatles tem dez páginas. É pouco para uma banda que já rendeu milhares de livros e estudos? Claro que é. Mas, a exemplo da melhor música pop, Stanley consegue resumir a história ao que ela tem de melhor e mais importante.

O autor, que é também tecladista do grupo pop Saint Etienne, tem uma visão abrangente: "pop", para ele, é toda música que chegou às paradas, independentemente de ser rock, soul, country, hip-hop ou heavy metal.

O Black Sabbath é pop e deve ser analisado como parte da mesma indústria que lançou os Bee Gees, por exemplo.

O raciocínio vai contra uma visão ortodoxa de boa parte da crítica musical --que Stanley chama de "rockista"-- e muito popular nos últimos 20 ou 30 anos, que considera pop apenas a música mais comercial, separando-a de gêneros "puros" e supostamente radicais, como o rock e o hip-hop.

Stanley não vê distinção entre o Clash e Britney Spears, por exemplo. Ambos, na visão do autor, são artistas que buscaram o sucesso comercial, cada qual a seu modo.

Claro que uma obra dessas está sujeita ao gosto pessoal do autor, e algumas escolhas podem gerar discordâncias com outros fãs de pop.

Stanley dedica menos espaço ao Queen do que a Sandy Denny e Adam Ant, e cutuca algumas "vacas sagradas" de quem claramente não gosta, como Patti Smith e The Clash. Mesmo que você discorde, a discussão é boa.

No fim, "Yeah Yeah Yeah" não deve ser visto como um "livro definitivo", mas como uma nova porta que se abre para entender o pop como um fenômeno social e cultural dos mais importantes.


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