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Volta ao normal

Semana de moda de Paris abandona extravagâncias e delírios em favor de racionalidade e conforto; é tempo de roupa digerível na passarela

PEDRO DINIZ ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Tire seu jeans mais básico do fundo da gaveta e uma camiseta. Depois de uma onda de extravagância, com brocados, brilhos e estampas tomando as vitrines, a moda caminha para uma normalidade de padrões e silhuetas que remonta à funcionalidade e ao conforto comum às ruas.

A Chanel, que abriu ontem o penúltimo dia da semana de moda de Paris, chamou a atenção para algo que ganha força nos EUA: o "normcore".

A tendência vai na contramão da busca da originalidade e da diferenciação por meio da roupa. É a lógica do conforto. Ou, como classificou o "New Yor Times", é a pessoa não ligar de usar "roupa de turista".

As peças que o estilista Karl Lagerfeld apresenta são tão fáceis de digerir que o cenário não poderia ser outro que o de um supermercado.

São calças e tops texturizados, a tradicional jaqueta da marca trabalhada em tecidos felpudos, tênis e leggings.

"Faça o que você quiser", dizia o trecho da música remixada que ecoava pelo Grand Palais, onde aconteceu o desfile, enquanto tops fingiam fazer compras com bolsas-cesto metalizadas e carrinhos da grife.

Tudo chique, mas normal.

O conceito de "pronto para vestir", que antes perdia o sentido em coleções que pareciam feitas para museus, retoma sua veia urbana.

A Céline de Phoebe Philo preocupa-se agora com o conforto. Maxipulls de tricô, sobreposições de casacos com saias de cintura alta e xadrez integram uma das coleções mais maduras da estilista.

O velho e bom padrão xadrez também é escolha de Hedi Slimane, na Saint Laurent.

Essa busca de normalidade nem de longe significa desleixo. O trabalho de texturas e alfaiataria permeia grande parte das coleções.

A inglesa Stella McCartney mostrou isso em roupas esportivas e vestidinhos curtos.

Militarismo e seus tons aparece no desfile da Balmain, que pesca inspiração em jaquetas safári e calças cargo (normal).

O mesmo fez Dries Van Noten, estilista belga que ganhou exposição no Museu de Artes Decorativas.

Referências à op art em looks que juntam masculino e feminino ("tomboy", no idioma fashion) estão em estampas, em saias na altura do joelho ou pouco abaixo dele.

PÉ NO CHÃO

O "normcore" encontra na grife Viktor & Rolf um dos seus maiores exemplos.

Os estilistas Viktor Horsting and Rolf Snoeren sempre fizeram parte da ala mais conceitual da semana de moda parisiense, mas, nesta temporada, põem os pés no chão.

Looks acessíveis, com destaque para casacos de cashmere cinza, calças de alfaiataria e jaqueta de couro despretensiosa, deram um choque de realidade à coleção.

Realidade também no estilo Raf Simons, da Christian Dior, que apostou em monocramatismo (está por todas as passarelas), em cortes retos e em leveza.

Até Elie Saab, mestre libanês das aplicações em brilho adorado por celebridades de tapete vermelho, optou por acrescentar leveza em sua coleção, cheia de degradês e vestidos esvoaçantes.


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