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Análise - Mostra Internacional de Teatro de São Paulo

Curadoria incisiva evita média com o mercado

Ao reunir artistas radicais da cena contemporânea, evento tem tudo para se firmar no calendário anual da cidade

NÃO HÁ MAIS EXPERIMENTO CÊNICO DE PONTA QUE NÃO POSSA SER VISTO NA INTERNET

LUIZ FERNANDO RAMOS ESPECIAL PARA A FOLHA

A primeira Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp) evoca os "festivais da Ruth Escobar" para definir seu foco estratégico.

De fato, as oito edições organizadas pela atriz e produtora entre 1974 e 1999, principalmente as duas primeiras, nos anos 1970, marcaram época e irrigaram a cena paulistana com referências cruciais do teatro mundial.

Há duas diferenças importantes no atual contexto do teatro brasileiro frente àqueles acontecimentos, hoje mitificados: festivais internacionais de teatro proliferaram pelo país todo, e não há mais experimento cênico de ponta que não possa ser assistido pelo YouTube, o que enfraquece o teor de novidade das atrações.

Dificilmente um festival alcançará a carga de surpresa e encantamento daqueles.

Ruth Escobar sempre soube carregar suas mostras com boas doses de loucura e ousadia, interessada em desafiar os artistas locais a correrem mais riscos.

Este parece ser o DNA que se resgata e se pretende que germine, a considerar a programação e formato adotados, em que se destaca a gratuidade dos espetáculos.

Festivais internacionais de teatro vingam em cidades pequenas e médias, porque conseguem arrebatar a população local. É exemplar nesse sentido a longevidade e relevância de mostras como as de Porto Alegre, Londrina e São José do Rio Preto.

Fazer um festival em São Paulo que realmente mexa com a cidade, como acontece com a Mostra Internacional de Cinema, é sempre um desafio maior, ainda mais quando não se é bancado exclusivamente por instituições sólidas como Sesc ou Sesi.

ARTISTAS RADICAIS

A curadoria foi incisiva e reuniu alguns dos artistas mais radicais da cena contemporânea, evitando uma certa média que os festivais institucionalizados sempre fazem com o mercado.

Consegue isto por meio de parcerias pontuais, que, sem comprometer a autonomia dos curadores, permitem democratizar a fruição de espetáculos singulares.

Com uma equipe de especialistas em eventos desse porte e a supervisão artística de Antonio Araújo, hoje um dos encenadores brasileiros mais conhecidos e respeitados internacionalmente, a MIT tem tudo para se firmar como evento imprescindível no calendário da cidade.


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