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Satyros faz maratona sobre robotização da humanidade
Espetáculos que celebram 25 anos do grupo paulistano discutem o homem de hoje como ser indissociável de aparatos tecnológicos
Um coro de homens respira com camisinhas enfiadas nos rostos. As cabeças plastificadas crescem até estourarem. Simbolizam máquinas que retardam a morte e também cirurgias estéticas para prolongar a juventude.
A cena traduz conceitos sobre humanidade e teatro expandidos pesquisados pela Cia. Os Satyros. Pertence a "Não Morrerás", um dos sete espetáculos do projeto "E se Fez a Humanidade Ciborgue em Sete Dias", criado para celebrar os 25 anos do grupo.
O projeto estreia neste sábado, às 16h, com mais de dez horas seguidas de espetáculos. A partir do domingo, às 19h, será sempre apresentado um espetáculo por dia.
"A condição do homem hoje é ciborgue. Não somos mais a humanidade do século 20", diz o diretor do grupo Rodolfo García Vázquez, coordenador geral do projeto.
Pela pesquisa do grupo, iniciada em 2009 com "Hipóteses para o Amor e Verdade", é impossível pensar o homem hoje sem aparatos tecnológicos, próteses, manipulações genéticas ou fármacos.
O médico Drauzio Varella criou um texto provocativo para inspirar "Não Morrerás", cujo tema é a busca incessante por estender a vida.
O psicólogo Contardo Calligaris fez o mesmo com "Não Amarás", dando sua visão sobre o amor contemporâneo.
O engenheiro genético Marcos Piani influenciou "Não Saberás" ao prever a incapacidade do homem de acompanhar as inovações nas próximas décadas.
O projeto tem ainda os espetáculos "Não Fornicarás", "Não Permanecerás", "Não Salvarás" e "Não Vencerás", nomeados pelos "7 mandamentos do mundo ciborgue" definidos pelo grupo.
Além de enfocar temas urgentes ao mundo, Vázquez questiona possibilidades cênicas para atores e espectadores expandidos. Faz Fernanda D'umbra cantar com uma projeção de Nina Simone e outros intérpretes interagirem com um robô, além de usar aplicativos de celular para interferir na iluminação.
