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Antologia de contos mundiais é reeditada

'Mar de Histórias', organizada por Paulo Rónai e Aurélio Buarque de Holanda, volta após uma década indisponível

Coleção, produzida ao longo de 45 anos, reúne 245 textos de autores de mais de 40 países em cerca de 3.500 páginas

RAQUEL COZER COLUNISTA DA FOLHA

A mais minuciosa antologia de contos mundiais já editada no Brasil precede em décadas a internet, quando narrativas de todos os tempos e países se tornaram facilmente acessíveis, e ainda não encontrou substituta à altura.

Esse material ficou por mais de dez anos indisponível e ganha agora reedição.

Trata-se de "Mar de Histórias" (Nova Fronteira), coleção com dez volumes com textos garimpados, traduzidos, comentados e organizados, durante 45 anos, pelos pesquisadores Paulo Rónai (1907-1992) e Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989).

Espécie de "árvore genealógica da mais aristocrática das formas literárias contemporâneas" --como definiu em 1946, após a publicação do livro um, o crítico português João Gaspar Simões--, a série reúne 245 textos de quase 200 autores, conhecidos ou anônimos, de mais de 40 países.

As mais de 3.500 páginas abrangem de um ancestral primeiro espécime do conto policial, o egípcio "A História de Rampsinitos", a narrativas de grandes nomes do século 20, como Aldous Huxley, Franz Kafka e Lima Barreto.

A reedição tem o mérito de chegar também na versão digital, embora o conjunto não saia em conta --quem quiser os dez títulos desembolsará R$ 400 pelas edições impressas ou R$ 274 pelos e-books.

TRADUÇÃO

Para o leitor de hoje, faltam notas que contextualizem limitações enfrentadas pelos organizadores, como a dificuldade de acesso a textos raros num tempo pré-digitalização de bibliotecas.

"Eles usaram traduções indiretas quando não falavam o idioma de origem. Hoje, poderiam cotejar traduções diferentes, o que reduz a margem de erro", diz Nelson Ascher, especialista na produção de Rónai, tradutor húngaro que se radicou no Brasil.

Mas, para Ascher, o nível de qualidade do trabalho da dupla garante à antologia o status de melhor trabalho do gênero produzido no país.

"Há um vácuo de antologias. A Cultrix publicou nos anos 1950 uma série de livros de contos de várias nacionalidades [Maravilhas do Conto Universal'], mas não acredito que o Mar de Histórias' tenha um rival'", afirma.

Leila Name, diretora editorial da Nova Fronteira, destaca na reedição um "trabalho invisível, mas fundamental". "Hoje temos uma lei de direitos autorais seguida internacionalmente. Dirigimos grande esforço e recurso financeiro para a liberação dos textos eleitos pelos organizadores."

No livro "A Tradução Vivida" (José Olympio), Rónai conta que traduziu os textos em grego, latim, inglês, italiano, alemão, russo e húngaro, enquanto o colega, além de verter do francês e do castelhano, revisou suas traduções --já que Rónai não era falante nativo do português.

A pesquisadora Zsuzsanna Spiry lista, no estudo "Paulo Rónai, um Brasileiro Made in Hungary", os critérios da seleção dos textos, da qualidade à capacidade de não falar só a "gourmets" literários.

Outro critério, como ela escreve, "só ocorreria a um crítico literário": a opção por contos menos conhecidos de nomes celebrados. Isso fez com que a dupla optasse, por exemplo, por um Hans Christian Andersen para adultos ("A Sombra") e uma sátira de Maquiavel ("Belfagor. Novela Agradabilíssima"), mais lembrado pela obra política.


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