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Festival de Teatro de Curitiba

Personagem bufão caçoa de ideologias e lavagem cerebral

Montagens com sessões hoje adaptam textos do dramaturgo Matéi Visniec

'Escrevi muito sobre a relação entre poder e indivíduo', diz romeno, que fugiu de regime comunista totalitário

GUSTAVO FIORATTI DE SÃO PAULO

Por mais estúpidos que pareçam ser alguns personagens do dramaturgo romeno Matéi Visniec, 58, eles sempre vão acabar soltando alguma frase inteligente do tipo "a história tem ouvidos de galinha".

A frase sobre o animal que não tem paladar e olfato desenvolvidos, mas que escuta muito bem, é de um personagem central de "2 x Matéi", peça dirigida por Gilberto Gawronski e que reúne os textos "O Rei, o Rato e o Bufão do Rei" e "O Último Godot".

A montagem foi apresentada ontem e tem sessão hoje no Festival de Curitiba.

Em "O Rei, o Rato e o Bufão do Rei", o bufão que protagoniza a peça é jogado na cadeia com um tirano, após uma revolução popular. Da cadeia, ele clama que estava do lado do povo, não do império. Mas ninguém dá bola.

Embebido de comicidade, esse ceticismo frente à surdez dos processos históricos percorre boa parte da obra de Matéi. "Escrevi muito sobre a relação entre poder e indivíduo e sobre a lavagem cerebral operada pelas ideologias", diz o dramaturgo à Folha.

Ele ganha nesta semana outras duas encenações, uma em Curitiba e outra em São Paulo. A peça "Espelho para Cegos", com sessão hoje no festival, adapta "Teatro Decomposto ou o Homem-Lixo".

E "A História do Comunismo Contada aos Doentes Mentais" estreia amanhã no teatro Cacilda Becker, em São Paulo.

As obras do romeno carregam a herança de ele ter produzido, na juventude, sob a censura dos sistemas totalitários comunistas do Leste Europeu, com ecos do teatro do absurdo. Matéi se exilou na França, onde vive desde 1987.

"Toda a minha vida permaneci influenciado por este momento em que tive que lutar contra a censura, inventando mil maneiras de burlá-la, usando metáforas para passar a crítica social."


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