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Crença religiosa é ingrediente da peça cômica 'Meu Deus!'

Irene Ravache e Dan Stulbach protagonizam montagem leve com um lado questionador

MARIA LUÍSA BARSANELLI DE SÃO PAULO

Um encontro improvável dá início ao espetáculo "Meu Deus!", primeira montagem brasileira do texto da israelense Anat Gov (1953-2012), que estreia hoje no teatro Faap, em São Paulo.

Em cena, a psicóloga Ana (Irene Ravache) recebe em seu consultório um paciente misterioso (Dan Stulbach).

Ele revela muito pouco de si mesmo, pede que o chamem apenas de D. e, perguntado sobre sua profissão, diz ser "uma espécie de artista". Ao deitar-se no divã, contudo, descreve os sintomas de uma depressão. Mas o mal já dura 2.000 anos.

O sujeito em questão é Deus. E seu problema é com a sua maior criação, o homem. Ele chega a pensar em suicídio. Sua morte, porém, significaria a destruição de todo o Universo.

Quando percebe com quem está lidando, Ana se mostra descrente. Ela não entende os motivos que o levaram a selecionar justamente o seu consultório.

A psicóloga, que se diz ateia, é mãe de um rapaz autista (Pedro Carvalho) e só atende crianças. Nem mesmo Deus sabe explicar o porquê da escolha, mas tem certeza de estar no lugar certo.

A narrativa, a princípio cômica e com um quê surrealista, desemboca em discussões existenciais. Ana expõe seus medos e sua desilusão com a religião. Já o Criador, auxiliado pela psicóloga (que chega a ironizar a vaidade de Deus), percebe ser mais humano do que pensava e enxerga o cerne de seus problemas.

"O que a peça coloca de uma forma bem simples é que somos muito primários do ponto de vista emocional", resume Elias Andreato, que assina a direção.

VOLTA AOS PALCOS

A peça marca a volta aos palcos de Irene Ravache, que não fazia teatro desde "A Reserva" (2008), de Marta Góes

"É um espetáculo singelo e bem-humorado. E, ao mesmo tempo, trata de um assunto muito delicado", diz a atriz.

Segundo Ravache, poucas comédias hoje no Brasil são leves na forma, mas profundas no conteúdo. "Meu Deus!' tem esse lado questionador", afirma.

Gov escreveu o texto enquanto tratava um câncer. Morreu cerca de um ano após a estreia da peça. Sua visão irônica a respeito da proximidade da morte e da crença religiosa se reflete na obra.

"A autora coloca as suas próprias perguntas, de forma bem elegante, na boca da terapeuta", diz Stulbach. "Há muito do humor judaico, de rir de si mesmo, da autocrítica", completa o ator.


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