Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Em disco 'inaudível para a massa', Dori Caymmi revê o Brasil

Músico radicado nos EUA afirma que novo trabalho, 'Setenta Anos', é 'tão brasileiro' que causa estranheza

Obra tem composições baseadas em poemas de Paulo César Pinheiro; filho de Dorival produz CD com canções do pai

LUIZ FERNANDO VIANNA ESPECIAL PARA A FOLHA

O novo CD de Dori Caymmi, "Setenta Anos" (idade que completou em agosto passado), é mais uma ação sua contra e a favor do Brasil. Contra o país que existe e a favor do país que, para ele, deveria existir.

"É um disco inaudível para a grande massa. É uma coisa tão brasileira que estranham", diz ele sobre as composições feitas a partir de poemas de Paulo César Pinheiro. O CD é só voz e violão.

Dori tem um discurso nacionalista que, como bem sabe, rendeu-lhe a pecha de reacionário. Diz ter uma obrigação moral, a começar por ser filho de Dorival Caymmi.

E não é só por ele, mas por músicos como Villa-Lobos e Tom Jobim, seu mentor. "O disco é dedicado a todos que me mostraram a grandiosidade da criatividade brasileira."

Soa paradoxal que Dori more há 24 anos em Los Angeles. Diz que se mudou porque lá é mais organizado e por não aguentar a "passividade brasileira".

"Tudo aqui é influenciado pela música estrangeira. Sempre esculhambei isso. Mas aí vêm essas duplas sertanejas universitárias. É pior do que tudo", afirma ele, reconhecendo que a queda de qualidade é planetária.

Dori está no Brasil produzindo, com Mario Adnet, um CD com canções do pai em tratamento orquestral. Cantam ele, seus irmãos Nana e Danilo, Chico Buarque ("Marina", "Dora"), Caetano Veloso ("Saudade da Bahia", "Sábado em Copacabana") e Gilberto Gil ("Samba da Minha Terra", "Rosa Morena").

"Chico era o favorito do meu pai. Gil foi casado com Nana. Caetano é meu amigo de privada. Às vezes Gil e Caetano fazem coisas de que não gosto, mas jamais questiono a amizade e o talento deles. Fico Suassuna' da vida quando vejo o cara desperdiçar o talento que tem, mas eles gostam de fazer aquilo", diz Dori, para quem "o tropicalismo é desculpa para não educar o brasileiro, não dar hospital".

"Ficamos com a mentalidade de que somos primeiro mundo, e a outra parte [da população] a gente esquece."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página