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Autor reconta história de voo sequestrado em 1972

Em 'O Céu nos Pertence', americano revê 'era de ouro' de raptos de aviões

Livro se centra em casal que tomou aeronave da Western Airlines e na disputa pelo dinheiro conseguido em resgate

RICARDO GALLO DE SÃO PAULO

Nos Estados Unidos dos anos 1960 e 1970, os aeroportos não eram fortalezas como no pós-11/9. Qualquer um podia embarcar em um avião com uma arma sem que apresentasse o cartão de embarque, submetesse a bagagem ao raio-X ou fosse revistado.

Por pressão das empresas aéreas, que não queriam soar antipáticas, não havia detectores de metal ou revistas pessoais. Tanta fragilidade resultou numa onda de sequestros de avião no país naquela época: foram 159 de 1961 a 1972.

Não era raro, por exemplo, haver vários deles em uma mesma semana, com requintes cinematográficos, como sequestradores que fugiam (ou tentavam fazê-lo) ao saltar de paraquedas.

A "era de ouro dos sequestros aéreos" é retratada em "O Céu nos Pertence", de Brendan Koerner, lançado no Brasil no final de fevereiro.

"Havia muita raiva na sociedade americana naquela época, muito disso ligado ao ressentimento causado pela Guerra do Vietnã [em pleno curso na ocasião]", afirma Koerner, 39, à Folha.

"Muita gente se sentia como se quisesse confrontar as autoridades e a sociedade, e os aviões lhes serviram como um palco perfeito para chamar a atenção do país para as suas várias queixas."

Era habitual, por exemplo, sequestrar um avião e levá-lo a Cuba, sob a premissa de que ali haveria simpatia a opositores do governo americano --o que nem sempre acontecia, uma vez que Fidel Castro suspeitava que fossem ações de espiões a serviço dos EUA.

Koerner centrou a narrativa em torno do casal formado pelo veterano do Vietnã Willie Roger Holder e pela namorada dele, a stripper Catherine Marie Kerkow, que, em junho de 1972, tomaram o voo 701 da Western Airlines.

Naquele que permanece o maior sequestro em distância da história americana, o casal ameaçou explodir uma bomba a bordo e desviou um voo que ia de Los Angeles a Seattle. Parte dos passageiros foi deixada em San Francisco e Nova York e a aeronave seguiu para a Argélia, onde o casal obteve asilo.

A companhia aérea concordou em pagar US$ 500 mil como resgate, algo comum na ocasião. O livro conta a disputa que se sucedeu pelo dinheiro, com a participação do governo argelino e da polícia.

A produção do livro, diz o autor, exigiu três anos de pesquisa e entrevistas com tripulação do voo da Western e com o próprio Willie Holder.


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