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Curador aponta 'exaustão' em ensaios de fotos

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Fashionistas perderam a cabeça. Do lado de fora desta São Paulo Fashion Week, uma fotomontagem de 170 metros de largura mostra pessoas vestindo roupas de brechó. No lugar de rostos, exibem moinhos de vento. É a mensagem nada sutil de que a moda vive uma crise de imagem.

"Cabeças de Vento", um trabalho da fotógrafa Ana Almeida, sintetiza o espírito da mostra criada por Eder Chiodetto do lado de dentro da tenda no parque Candido Portinari, novo QG da semana de moda.

Escalado pelo dono do evento, Paulo Borges, para montar uma exposição em diálogo com os desfiles, Chiodetto articulou fotografias de cenas e paisagens abstratas que "tangenciam" a moda, sem ilustrar obras de estilistas.

"É difícil pensar a existência da moda sem a fotografia. Desde que surgiram os editoriais de moda, houve uma reconfiguração do estilo", diz Chiodetto. "Artistas como Helmut Newton e Richard Avedon pautaram os estilistas."

Mas Newton e Avedon, monstros sagrados e já mortos da fotografia de moda, ficaram datados.

Nomes mais recentes, que convulsionaram a estética fashion, como Terry Richardson, David LaChapelle e Juergen Teller, são hoje copiados sem dó.

"Fotógrafos inventivos desse jeito chegaram à exaustão", diz Chiodetto. "Tenho visto poucas coisas que possam surpreender mesmo nesse quesito."

Talvez por isso a seleção de imagens na mostra que ambienta a SPFW passe ao largo da moda. E revela que o caminho inverso, de artistas que incorporam o vocabulário fashion em seus trabalhos, não é tão fértil quanto o oposto, de estilistas que usam pinturas como suas estampas.

Também não parece mera coincidência o fato de a SPFW este ano ocorrer em paralelo à SP-Arte, a feira de arte que desalojou a semana de moda de seu endereço no parque Ibirapuera e parece servir de motor indireto para o buzz em torno dos desfiles.

Mas também é fato que o mercado da arte adota certas estratégias da indústria fashion para transformar artistas em grifes.

"Essa fronteira entre moda e arte está cada vez mais porosa", diz Chiodetto. "Então é bem colocada no contexto da moda uma exposição de arte que leve uma reflexão sobre a criação de um mundo paralelo a partir da fotografia."

MANEQUINS SINISTROS

No caso, esses mundos paralelos podem ter a violência das colagens de Marcelo Silveira, que rasga editorais de moda, arrancando o rosto dos personagens e substituindo faces por paisagens para criar manequins sinistros.

Tem a mesma pegada da obra de Odires Mlászho, que já representou o Brasil na Bienal de Veneza.

Suas colagens são aglomerados de fragmentos fotográficos, sempre em tons de pele ou mais sanguíneos, que juntos formam o contorno de um corpo, algo entre o erótico e o repulsivo, já que lembram peças de carne num açougue.

Tal qual cortes de bife, estão todos nus e não carecem de vestimenta.


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