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Análise

Criador da 'house' fez dos clubes a sua igreja

DJ Frankie Knuckles, que morreu no último dia 31, aos 59 anos, fundou uma espécie de culto do gênero eletrônico

CLAUDIA ASSEF COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se você um dia se acabou numa pista de dança ao som de música eletrônica, deveria guardar um minuto de silêncio em memória do americano Frankie Knuckles, morto no último 31 de março em Chicago, EUA, aos 59 anos.

Se você é ou pretende ser DJ, devia acender logo uma vela em homenagem a ele --e também estudar sua vida e obra, como dever de casa.

Knuckles não foi apenas um dos melhores discotecários que já habitaram este planeta: foi responsável por criar um gênero divisor de águas. A house music, que hoje serve como base até para versões remix de música sertaneja, só existe porque Knuckles era o DJ certo, no clube certo.

O lugar era Chicago; a época, o auge da era disco, mais especificamente 1977. Trabalhando como titular do clube Warehouse, um galpão num subúrbio da cidade, Knuckles criou uma espécie de culto.

"Aquilo era a minha igreja", repetiu em diversas entrevistas. No começo, tocava vinis de disco music trazidos na bagagem de Nova York, onde havia dividido cabine com seu melhor amigo, Larry Levan.

Com as habilidades que havia polido enquanto trabalhava como substituto de Levan na discoteca Continental Baths, Knuckles começou a mexer nas músicas que tocava, usando um gravador de rolo para adicionar batidas, tirar vocais ou simplesmente para estender os momentos mais dançantes das faixas.

Todos os sábados, a Warehouse recebia até 2.000 pessoas, que vinham degustar a música exclusiva que o DJ tocava por lá. Nascia, assim, a fama da "house music", como começou a ser chamada na cidade a música que era tocada na Warehouse.

Para se ter ideia do quanto ele foi vanguardista, isso tudo aconteceu entre 1977 e 1982, período em que comandou a cabine da Warehouse.

Sua fama já havia atraído fãs além de Illinois, gente como o então estudante Derrick May, que ia de Detroit a Chicago só para ver a performance de Knuckles. May, anos mais tarde, viria a se tornar um dos criadores do techno.

Knuckles entrou para a história muito antes de morrer. Em 2004, o então senador Barack Obama foi um dos responsáveis pela homenagem que o DJ ganhou da cidade que o acolheu. Ele virou nome de rua, a Frankie Knuckles Way, e ganhou um dia oficial. Em Chicago, 25 de agosto é o Frankie Knuckles Day.

Ao longo da vida, ele deu muitos exemplos de humildade e superação. Acometido por diabetes do tipo 2 desde o fim dos anos 1990, teve que amputar um dos pés em 2008. Mesmo de muletas, nunca faltou ao trabalho.

No Brasil, tocou na primeira edição do Skol Beats, em 2000, usando um banquinho como apoio para o pé, que já dava sinais de problema.

Em 40 anos de serviços prestados à discotecagem, Knuckles manteve-se fiel à sua missão de levar boa música e seu sorriso característico às pistas de dança do mundo. Na próxima vez que sair para dançar, não se esqueça de derrubar um golinho para o DJ.


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