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Edição reúne humor dos anos 1980 e 1990

Com organização de Toninho Mendes, obra traz quadrinhos de nomes como Angeli, Laerte, Glauco e Luiz Gê

Livro publicado pelo Sesi compila histórias da Circo Editorial, que levou às bancas a 'Chiclete com Banana'

MARCELO COELHO COLUNISTA DA FOLHA

O leitor da Folha não precisa ser apresentado aos nomes de Laerte, Glauco e Angeli.

Mas a figura de Toninho Mendes, tão ligada à desses cartunistas, pode bem ser desconhecida até mesmo dos que, desde a década de 1980, acompanharam pelo jornal a doce revolução que com sua ajuda foi feita no humor e nos quadrinhos brasileiros.

Toninho foi responsável por levar às bancas as revistas "Chiclete com Banana", "Circo" e "Piratas do Tietê".

Não se tratava apenas de reproduzir as tirinhas publicadas na Folha --embora tenha sido uma antologia dos trabalhos anteriores de Angeli a sua primeira produção editorial, lançada em abril de 1984.

COLETÂNEA

Com uma tiragem inicial de 3.000 exemplares, a coletânea venderia 30 mil em sucessivas reedições. No livro "Humor Paulistano - A Experiência da Circo Editorial", publicado pelo Sesi-SP, o jornalista da Folha Ivan Finotti dá outros números acerca do sucesso obtido por Toninho Mendes naqueles anos.

O número de "Chiclete com Banana" em que Angeli narrava a morte de Rê Bordosa saiu em dezembro de 1987, com 100 mil exemplares. O encalhe, conta Finotti, "foi de 83 revistas".

A Circo Editorial vendia nas bancas quadrinhos de Paulo Caruso, de Fernando Gonsales (Níquel Náusea), de Edgar Vasques (Rango), de Alcy (o ceguinho otimista Odilon) e sobretudo de Luiz Gê (como a clássica "Entradas e Bandeiras", em que a estátua de Borba Gato sai andando pelas ruas de São Paulo).

O grosso volume agora editado pelo Sesi traz, completas, muitas dessas histórias, conforme foram aparecendo nas diversas fases por que passou a editora Circo.

Textos de qualidade variável abrem cada capítulo. O principal, em particular para o leitor mais jovem, é ter acesso aos quadrinhos propriamente ditos.

'LOS TRÊS AMIGOS'

A ligação pessoal de Laerte, Glauco e Angeli (tematizada por eles próprios nas aventuras de "Los Três Amigos") não altera a flagrante diferença de estilos entre eles.

Mesmo a uma distância de já 30 anos é difícil enquadrá-los --e a tantos outros talentos-- numas poucas características geracionais comuns.

Talvez os unifique o fato de, ao contrário da maioria dos chargistas, estarem menos prontos a rir dos outros que de si mesmos.

Ainda que Angeli não perca oportunidade de satirizar militares reacionários e síndicos rabugentos, prevalece em suas tiras, nas de Glauco e nas de Laerte a autoironia.

O ridículo das drogas, da teimosia ideológica, das frustradas tentativas de se "enturmar" num ambiente livre da repressão sexual está presente nos "Neuras" e em Rê Bordosa, assim como nas crises identitárias e de relacionamento que fazem de "Fadas e Bruxas" e de "A Insustentável Leveza do Ser" duas obras-primas da juventude de Laerte --em boa hora reeditadas neste livro.

A inflação de finais da década de 1980, explica Ivan Finotti, inviabilizou a empresa de Toninho Mendes.

A vertiginosa sofisticação gráfica dos quadrinhos de Luiz Gê deixa saudades --o autor agora se dedica ao ensino universitário.

De Glauco, estupidamente assassinado, não é preciso falar. Mas a geração de Laerte e Angeli, a mais importante depois daquela do "Pasquim", felizmente permanece ativa --e este livro publicado agora pelo Sesi atesta a notável continuidade do seu talento.


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